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Produção recorde de carros puxa economia
Explosão na venda de veículos expande produção de vidro, aço e tecido e eleva a R$ 30 bi arrecadação de tributos neste ano
Crescimento atinge toda a cadeia automobilística e gera mais emprego e renda para os trabalhadores do setor, responsável por 5% do PIB
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável por 18% do PIB
(Produto Interno Bruto) industrial e por 5% do PIB nacional,
o setor automotivo, que reúne
as montadoras e as fabricantes
de autopeças, deu gás à economia brasileira neste ano.
A expansão da indústria automobilística -a produção de
veículos deve crescer 14% neste
ano- resultou em aumento nas
vendas de aço, vidro, borracha,
pneus e plásticos e em mais
emprego e renda para os trabalhadores desses setores.
As regiões onde estão instalados os fabricantes de veículos,
como a do ABC, sentem os efeitos do crescimento na produção e na venda de veículos. O
aumento real de salários (acima da inflação) chegou a 2,5%.
O governo também saiu ganhando. De janeiro a novembro, a Receita arrecadou dos fabricantes de veículos R$ 20,21
bilhões em impostos -alta de
14,8% sobre igual período de
2006. Estima-se que a geração
total de tributos (federais e estaduais) pelo setor chegue a R$
30 bilhões neste ano, quase R$
5 bilhões a mais que em 2006.
Instalada em 27 municípios
de oito Estados, a indústria automotiva deve bater novo recorde de produção neste ano,
com a fabricação de 3 milhões
de veículos -alta de 14% sobre
2006. De 2003 a 2006, a produção subiu 47%. A expectativa
das montadoras é que a produção cresça mais 8,9% em 2008.
"Isso tudo é resultado da estabilização da inflação, do crescimento da renda e do emprego, da expansão da oferta de
crédito e de prazos de financiamento e da melhora da confiança do consumidor na economia. O aumento nas vendas
de carros acaba alimentando
toda a cadeia produtiva até as
concessionárias, gerando mais
postos de trabalho e renda. De
2004 até agora, criamos 30 mil
postos de trabalho diretos", diz
Jackson Schneider, presidente
da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos.
As montadoras empregam
120 mil pessoas. Na avaliação
da Anfavea, são responsáveis
por 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos no país, desde
a produção até as revendas.
"Foi um ano muito bom para
as autopeças, que devem elevar
em cerca de 6% a produção e
em 10% o faturamento por conta da alta na produção de carros, afirma Paulo Butori, presidente do Sindipeças.
A indústria de vidros para
carros cresce na mesma proporção que as montadoras.
"Aumentamos em 10% o número de empregados, de 1.100
para 1.200 funcionários", diz
Manuel Corrêa, diretor da divisão Sekurit da Saint Gobain.
A indústria siderúrgica também sentiu os efeitos do aumento da produção de carros,
já que a automobilística é sua
segunda principal cliente, com
28% de participação.
"A cadeia sidero-metalúrgica
ampliou em 17,8% as compras
neste ano. Devemos fechar o
ano com expansão de vendas
no mercado interno da ordem
de 18%", afirma Marco Polo de
Mello Lopes, vice-presidente-executivo do IBS (Instituto
Brasileiro de Siderurgia).
Com o aumento do uso de
materiais plásticos nos veículos, a produção de resinas plásticas deve crescer 8% neste ano.
Merheg Cachum, presidente-executivo da Abiplast (associação dos fabricantes de materiais plásticos), diz que todos os
setores elevaram as compras de
aço neste ano e que o automobilístico se destaca.
No setor de artefatos de borracha, a produção avançou 12%
entre janeiro e novembro ante
igual período de 2006. A contratação com carteira assinada
já cresceu 6%, e o setor deve fechar o ano com 110 mil empregados. "De tudo o que produzimos, 59% são destinados ao
segmento automobilístico, diz
Ademar Valle, diretor-executivo da Abiarb, associação que representa 800 empresas de artefatos de borracha.
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