São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Desemprego no ABC é o menor em 10 anos

Embalados pelos bons resultados da indústria automobilística, municípios da região engrenam ciclo de crescimento econômico

Melhora no emprego e no rendimento dos moradores se reflete na expansão do comércio, dos serviços e do mercado imobiliário


DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma das regiões que mais se beneficiam do crescimento do setor automotivo -o ABC paulista-, a taxa de desemprego é a menor dos últimos dez anos. A melhora na renda sustenta a expansão do comércio, dos serviços e tem impacto no mercado imobiliário da região.
"Pelo quinto mês consecutivo, o desemprego recuou na região. O número de desempregados vem recuando. Em março, era de 200 mil nas sete cidades. No mês passado, chegou a 166 mil, o menor contingente de toda a série histórica do ABC [desde 1998]", afirma Alexandre Loloian, coordenador de análise de Trabalho da Fundação Seade. Em setembro, outubro e novembro, a taxa se manteve em 12,9% da PEA (População Economicamente Ativa).
Entre outubro de 2006 e o mesmo mês deste ano, o número de ocupados na indústria metal-mecânica da região passou de 164 mil para 175 mil -alta de 7,4%. "Esse setor, mais formalizado e que paga melhores salários, cresce e certamente contribui para a melhoria da renda", diz Loloian.
Na contramão do que ocorreu na região metropolitana, o rendimento dos ocupados e o dos assalariados do ABC aumentou, respectivamente, 8,15% e 8% entre setembro de 2006 e setembro deste ano, segundo a Fundação Seade.
"Na região metropolitana, o rendimento caiu. A redução foi de 4,5% para os ocupados e de 4,1% para os assalariados", diz.
Estudo da subseção do Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC mostra que houve incremento de R$ 72,7 milhões na massa salarial dos trabalhadores com carteira assinada nas setes cidades da região entre setembro de 2006 e o mesmo mês deste ano. A estimativa é que chegue a R$ 200 milhões, se incluídos os valores de participação nos lucros pagos aos trabalhadores da região. Nas montadoras, os valores variaram de R$ 5.600 a R$ 8.500.
"O ABC vive um círculo virtuoso de crescimento. Nos últimos 21 meses, foram gerados 60 mil novos postos de trabalho. Os metalúrgicos respondem por cerca de 10% desse total", diz José Lopez Feijóo, presidente do sindicato. Nos últimos cinco anos, o aumento real pago aos salários dos metalúrgicos variou de 14% a 17%.
Henrique Carvalho, superintendente do ABC Plaza Shopping, diz que o shopping, localizado em Santo André, sente, geralmente, os efeitos do "bom" e do "mau" desempenho da indústria automobilística. "Anos atrás, quando o setor estava demitindo, as vendas do shopping estavam ruins. Hoje, vivemos o oposto." As vendas do ABC Plaza devem crescer 20%, em média, neste mês em relação a dezembro de 2006.
"Estou vendendo mais neste mês do que em dezembro passado, mas não devo superar dezembro de 2004", afirma Adriana Teixeira, vendedora do setor de eletrônicos em uma loja de rua do Ponto Frio.
Com mais dinheiro no bolso e confiança no emprego, os consumidores estão investindo na compra de imóveis, diz Rosana Carnevalli, diretora regional do Sinduscon-SP (sindicato das construtoras) no ABC. "O setor cresceu 7,9% na região metropolitana [entre janeiro e setembro deste ano em relação a igual período de 2006]. No ABC, não foi diferente", diz.
Edifícios residenciais de alto e médio padrões foram os mais vendidos, afirma. O nível de emprego na construção cresceu 9,2% em cinco cidades -Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema e Mauá. "Foi superior ao verificado na região metropolitana de São Paulo, de 7,4%."
(CLAUDIA ROLLI e FÁTIMA FERNANDES)

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