São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Montadora dá "canseira", afirma Procon

Órgão de defesa do consumidor diz que indústria automobilística ainda reluta em atender reclamações sobre defeitos

Entidade diz, no entanto, que as empresas têm se empenhado em tornar os comunicados de recalls mais "objetivos" e "transparentes"

DA REPORTAGEM LOCAL

O setor automotivo cresceu e contribuiu para a expansão da economia, mas ainda "reluta" em atender as reclamações do consumidor, diz Paulo Arthur Góes, diretor de fiscalização da Fundação Procon-São Paulo.
Até setembro, a entidade recebeu 689 reclamações de consumidores relacionadas ao setor. Desse total, 255 referiam-se a veículos entregues com danos e defeitos.
Duzentas queixas foram relativas a dificuldades na compra de veículos (problemas como multa, transferência, alienação, não-entrega de documentos, entre outros), 98 reclamações ocorreram em razão de problemas com garantias e 70 por razões contratuais (contratos, pedidos, orçamentos).
"Os fabricantes e as concessionárias são péssimos para fazer acordos quando o consumidor tenta devolver um produto. Trocar carro com defeito requer anos de disputa na Justiça. Eles não reconhecem o problema. E, geralmente, alegam que o defeito ocorre por mau uso do consumidor, como abastecer com combustível de má qualidade", diz Góes. "O consumidor ainda costuma levar uma canseira até ser atendido."
Em relação aos recalls -só nos últimos dois meses foram sete-, o Procon-SP avalia que as empresas têm se empenhado em tornar os comunicados cada vez mais "objetivos", com informações "transparentes".
"Recebemos as informações dos fabricantes e monitoramos as campanhas, avaliando se são feitas em tempo adequado, se esclarecem de fato os procedimentos que o consumidor tem de adotar, se o plano de mídia é eficiente. O que notamos é que ainda há falhas nos comunicados; é preciso mais clareza em relação aos riscos e aos defeitos apresentados."
Técnicos do Procon-SP discutem com representantes da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos, a fixação de um modelo para padronizar os recalls no setor.
Neste ano, foram realizadas 33 campanhas referentes a recalls de veículos -uma a mais do que as feitas no ano passado.
"Ainda estamos longe dos números dos Estados Unidos. Só neste ano foram feitos aproximadamente 520 recalls, por diferentes motivos, não só por razão de segurança. Aqui no Brasil, o recall ainda ocorre somente quando o produto apresenta falha e pode expor o consumidor a riscos", afirma Góes.
(CLAUDIA ROLLI e FÁTIMA FERNANDES)

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