São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Brasil negocia livre comércio com 15 países

País inicia tratativas com nações da África e do Oriente Médio ao antever conclusão pouco satisfatória da Rodada Doha

Acordos tornam o preço dos produtos brasileiros mais atrativo em outros países ao reduzirem a alíquota de impostos

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antevendo uma conclusão pouco satisfatória da Rodada Doha de liberalização comercial, o Brasil escolheu 15 países com os quais deseja fechar acordos de livre comércio no curto prazo.
As negociações correm sob sigilo, em especial para não enfraquecer a posição de liderança brasileira entre os países emergentes nas discussões sobre a Rodada Doha.
Foi ali que se criou o G20, um grupo de 20 países que falam em uníssono com as economias tradicionais, como os EUA e a União Européia.
O problema é que as negociações, após cinco anos de rodada, não vêm caminhando satisfatoriamente. "Finda a Rodada Doha, haverá uma tendência de que o Mercosul avance em várias outras negociações que já estão em curso", explicou à Folha o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
Atualmente, Itamaraty e Ministério do Desenvolvimento dialogam com Egito, Marrocos, Índia e Coréia do Sul. As tratativas evoluíram para documentos com os cinco países da União Aduaneira da África Austral -África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Suazilândia- e os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo -Arábia Saudita, Kuait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes Unidos e Qatar.
A queda do dólar e maior competição dos produtos chineses fizeram a indústria, a agropecuária e o setor de serviços começarem a pressionar o governo para firmar tratados de livre comércio. Esses acordos tornam o preço dos produtos brasileiros mais atrativo em outros países pois reduzem a alíquota de imposto que os exportadores brasileiros pagam aos governos estrangeiros.
A eliminação de barreiras tarifárias também permite aos produtos brasileiros maior competição com os de países industrializados, como os EUA.
Na terça, os presidentes dos países do Mercosul -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai- assinaram acordo de livre comércio com Israel, o primeiro fora da América Latina.
Agora, tanto produtos brasileiros como norte-americanos não pagam tarifas para chegar ao mercado israelense. O governo brasileiro espera um aumento "exponencial" na corrente de comércio.
"A gente espera que esse comércio cresça exponencialmente. Grande parte do comércio de Israel é feita com outras áreas aduaneiras, eles já têm acordos com EUA e UE. Nós pagamos tarifa, os americanos e europeus, não", disse Barral.
Israel já possui comércio livre de tarifas em 70% de sua balança comercial. Em 2006, o Brasil exportou US$ 261 milhões e importou US$ 458 milhões do país.
Hoje, o Mercosul vive o processo para adoção de livre comércio com os outros países da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) -Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Peru, Venezuela e México. Nos próximos anos, esses países reduzirão alíquotas para produtos do Mercosul e vice-versa, até eliminá-las.
Segundo Barral, só será possível discutir acordos de livre comércio com os EUA e com a UE após o término de Doha.
Entre os grandes emergentes, o Mercosul enfrentará dois desafios: China e Rússia.
O Brasil possui uma séria pendência com os chineses. Mais de três anos depois de um protocolo de entendimento, o país ainda não reconhece a China como economia de mercado, por investimentos prometidos e não cumpridos por Pequim.
A situação tornou-se mais delicada nos últimos meses. A reunião entre os dois países, prevista para o início de 2008, foi cancelada. E, na sexta, a China lançou um avião comercial que competirá no mesmo segmento da Embraer.
No caso da Rússia, o país ainda não entrou para a OMC, exigência para que haja avanço nas negociações com o Mercosul.


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