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Brasil negocia livre comércio com 15 países
País inicia tratativas com nações da África e do Oriente Médio ao antever conclusão pouco satisfatória da Rodada Doha
Acordos tornam o preço
dos produtos brasileiros
mais atrativo em outros
países ao reduzirem a
alíquota de impostos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antevendo uma conclusão
pouco satisfatória da Rodada
Doha de liberalização comercial, o Brasil escolheu 15 países
com os quais deseja fechar
acordos de livre comércio no
curto prazo.
As negociações correm sob
sigilo, em especial para não enfraquecer a posição de liderança brasileira entre os países
emergentes nas discussões sobre a Rodada Doha.
Foi ali que se criou o G20, um
grupo de 20 países que falam
em uníssono com as economias
tradicionais, como os EUA e a
União Européia.
O problema é que as negociações, após cinco anos de rodada, não vêm caminhando satisfatoriamente. "Finda a Rodada
Doha, haverá uma tendência de
que o Mercosul avance em várias outras negociações que já
estão em curso", explicou à Folha o secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral.
Atualmente, Itamaraty e Ministério do Desenvolvimento
dialogam com Egito, Marrocos,
Índia e Coréia do Sul. As tratativas evoluíram para documentos com os cinco países da
União Aduaneira da África
Austral -África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Suazilândia- e os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo
-Arábia Saudita, Kuait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes
Unidos e Qatar.
A queda do dólar e maior
competição dos produtos chineses fizeram a indústria, a
agropecuária e o setor de serviços começarem a pressionar o
governo para firmar tratados
de livre comércio. Esses acordos tornam o preço dos produtos brasileiros mais atrativo em
outros países pois reduzem a
alíquota de imposto que os exportadores brasileiros pagam
aos governos estrangeiros.
A eliminação de barreiras tarifárias também permite aos
produtos brasileiros maior
competição com os de países
industrializados, como os EUA.
Na terça, os presidentes dos
países do Mercosul -Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai- assinaram acordo de livre comércio com Israel, o primeiro fora da América Latina.
Agora, tanto produtos brasileiros como norte-americanos
não pagam tarifas para chegar
ao mercado israelense. O governo brasileiro espera um aumento "exponencial" na corrente de comércio.
"A gente espera que esse comércio cresça exponencialmente. Grande parte do comércio de Israel é feita com outras
áreas aduaneiras, eles já têm
acordos com EUA e UE. Nós
pagamos tarifa, os americanos
e europeus, não", disse Barral.
Israel já possui comércio livre de tarifas em 70% de sua balança comercial. Em 2006, o
Brasil exportou US$ 261 milhões e importou US$ 458 milhões do país.
Hoje, o Mercosul vive o processo para adoção de livre comércio com os outros países da
Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) -Bolívia,
Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Peru, Venezuela e México.
Nos próximos anos, esses países reduzirão alíquotas para
produtos do Mercosul e vice-versa, até eliminá-las.
Segundo Barral, só será possível discutir acordos de livre
comércio com os EUA e com a
UE após o término de Doha.
Entre os grandes emergentes, o Mercosul enfrentará dois
desafios: China e Rússia.
O Brasil possui uma séria
pendência com os chineses.
Mais de três anos depois de um
protocolo de entendimento, o
país ainda não reconhece a China como economia de mercado,
por investimentos prometidos
e não cumpridos por Pequim.
A situação tornou-se mais
delicada nos últimos meses. A
reunião entre os dois países,
prevista para o início de 2008,
foi cancelada. E, na sexta, a China lançou um avião comercial
que competirá no mesmo segmento da Embraer.
No caso da Rússia, o país ainda não entrou para a OMC, exigência para que haja avanço nas
negociações com o Mercosul.
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