São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Lupi ataca proposta para flexibilizar direitos

Para o ministro do Trabalho, empresários deveriam propor "flexibilização dos lucros", em vez de mudanças na lei trabalhista

Empresários defendem suspensão temporária do contrato de trabalho por até dez meses para evitar mais demissões com a crise


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o aumento de demissões geradas pela crise econômica internacional, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, rebateu ontem a proposta do empresariado de suspensão temporária do contrato de trabalho. Ele pediu "a flexibilização dos lucros", em vez de mudanças nas relações trabalhistas, e mais investimentos privados.
"Na hora do lucro não chamaram os trabalhadores para dividir. Só querem chamar os trabalhadores para dividir quando têm prejuízo? Ou porque possivelmente poderão ter prejuízo? Quando falam na flexibilização trabalhista, quero falar da flexibilização dos lucros. Quando é que vão flexibilizar os lucros?", afirmou Lupi na divulgação dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Para o ministro, os empresários deveriam ter mais "consciência nacional". "Penso que os empresários brasileiros têm que ter muita capacidade de consciência nacional de saber os grandes lucros que eles tiveram até agora", assinalou.
A proposta -encampada pela Confederação Nacional da Indústria e por companhias como a Vale do Rio Doce-, prevê a suspensão temporária do contrato de trabalho por até dez meses. Durante esse período, o empregado deixaria de receber o salário e teria apenas o seguro-desemprego, mas ao mesmo tempo manteria o vínculo empregatício.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não ver motivo para demissões e descartou a adoção da proposta dos empresários.
Segundo o ministro do Trabalho, "não é por aí o caminho."
"O caminho agora é de acreditar no Brasil, continuar investindo, é de o brasileiro saber que o Brasil está no rumo certo e de a gente continuar trabalhando para produzir. O Brasil não pode perder seu foco de trabalhar, produzir para crescer", afirmou.

Regiões metropolitanas
Diferentemente do registrado pelo Caged, entre outubro e novembro houve recuo de 13,4% para 13% na taxa de desemprego em seis das principais regiões metropolitanas do país-São Paulo, Distrito Federal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador- segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O melhor desempenho ocorreu em BH, com redução de 7,8% na taxa de desemprego. Em São Paulo, a taxa caiu 1,6% no período.
Contrariando as expectativas, porém, o número de desempregados no comércio subiu 0,5%. Já na indústria, foi registrada uma redução de 1,4%
"Podemos dizer que não tivemos o desempenho esperado, em um leve sinal de que a crise já começa a contaminar o mercado de trabalho", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.


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