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Lupi ataca proposta para flexibilizar direitos
Para o ministro do Trabalho, empresários deveriam propor "flexibilização dos lucros", em vez de mudanças na lei trabalhista
Empresários defendem suspensão temporária do contrato de trabalho por até dez meses para evitar mais demissões com a crise
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o aumento de demissões geradas pela crise econômica internacional, o ministro
do Trabalho, Carlos Lupi, rebateu ontem a proposta do empresariado de suspensão temporária do contrato de trabalho. Ele pediu "a flexibilização
dos lucros", em vez de mudanças nas relações trabalhistas, e
mais investimentos privados.
"Na hora do lucro não chamaram os trabalhadores para
dividir. Só querem chamar os
trabalhadores para dividir
quando têm prejuízo? Ou porque possivelmente poderão ter
prejuízo? Quando falam na flexibilização trabalhista, quero
falar da flexibilização dos lucros. Quando é que vão flexibilizar os lucros?", afirmou Lupi
na divulgação dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Para o ministro, os empresários deveriam ter mais "consciência nacional". "Penso que
os empresários brasileiros têm
que ter muita capacidade de
consciência nacional de saber
os grandes lucros que eles tiveram até agora", assinalou.
A proposta -encampada pela Confederação Nacional da
Indústria e por companhias como a Vale do Rio Doce-, prevê
a suspensão temporária do
contrato de trabalho por até
dez meses. Durante esse período, o empregado deixaria de receber o salário e teria apenas o
seguro-desemprego, mas ao
mesmo tempo manteria o vínculo empregatício.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse não ver motivo para demissões e descartou a adoção
da proposta dos empresários.
Segundo o ministro do Trabalho, "não é por aí o caminho."
"O caminho agora é de acreditar no Brasil, continuar investindo, é de o brasileiro saber
que o Brasil está no rumo certo
e de a gente continuar trabalhando para produzir. O Brasil
não pode perder seu foco de
trabalhar, produzir para crescer", afirmou.
Regiões metropolitanas
Diferentemente do registrado pelo Caged, entre outubro e
novembro houve recuo de
13,4% para 13% na taxa de desemprego em seis das principais regiões metropolitanas do
país-São Paulo, Distrito Federal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador- segundo pesquisa da Fundação Seade
e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O melhor desempenho ocorreu em BH, com redução de
7,8% na taxa de desemprego.
Em São Paulo, a taxa caiu 1,6%
no período.
Contrariando as expectativas, porém, o número de desempregados no comércio subiu 0,5%. Já na indústria, foi registrada uma redução de 1,4%
"Podemos dizer que não tivemos o desempenho esperado,
em um leve sinal de que a crise
já começa a contaminar o mercado de trabalho", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese.
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