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Desvalorização do real encarece dívida pública
Títulos corrigidos por câmbio estão acima da meta
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A desvalorização de 10,3% do
real em relação ao dólar custou
R$ 12,2 bilhões ao governo em
novembro. Esse foi o impacto
do câmbio na dívida externa e
interna do país no mês passado,
que alcançou R$ 1,374 trilhão.
Isso não significa que o governo tenha desembolsado todo esse valor, mas que o estoque do endividamento subiu e,
se a cotação do dólar não cair
até o vencimento desses títulos, a União terá que tirar esse
dinheiro do caixa, mesmo valor
previsto para gastos com o Bolsa Família em 2009.
A alta do dólar ameaça também uma das metas que o governo estabelece anualmente
para a dívida pública. Em agosto, numa revisão dos planos
anunciados em janeiro, o Tesouro Nacional fixou em 9% a
participação dos títulos corrigidos pelo câmbio na dívida total.
Em novembro, porém, o percentual já havia atingido 9,66%.
"[Esse aumento] é efeito da
desvalorização do real frente ao
dólar e está concentrado principalmente na dívida externa",
disse o coordenador-geral de
Operações da Dívida Pública,
Guilherme Pedras.
O impacto no dólar na dívida
externa, parcela que inclui títulos que o Brasil vende em moeda estrangeira fora do país, foi
de 9,15% em novembro. Assim,
o país contabilizou um passivo
de R$ 129,98 bilhões no fim de
novembro contra R$ 119,08 bilhões em outubro.
Mas esse valor não inclui as
intervenções feitas pelo Banco
Central no câmbio nem os títulos que o Tesouro vendia no
mercado interno com correção
cambial. Como essas operações
são em reais, acabam contabilizadas como dívida interna. No
fim de outubro, 3,17% do endividamento interno era afetado
pelo câmbio, totalizando outros R$ 39,44 bilhões.
A dívida externa também
afetou o custo da dívida federal.
A média de juros pagos pelo governo nos últimos 12 meses sobre esses títulos foi de 32,38%
ao ano, em outubro. No mês
passado, saltou para 41,74%.
Melhora
Internamente, o governo teve um mês mais tranqüilo em
novembro do que em outubro.
Depois de adiar a venda de títulos de longo prazo e com taxa de
juros definidas na hora da operação, o Tesouro Nacional voltou a oferecer esses papéis.
Os juros pagos pelo governo
também caíram, na média, de
14,73% ao ano para 14,51%, na
comparação de outubro com
novembro. Segundo Pedras, o
nervosismo no mercado financeiro foi menor no mês passado, o que ajudou no financiamento do Tesouro Nacional.
Segundo ele, dezembro vem
sendo um mês melhor que os
dois anteriores, e a taxa dos leilões já retornou ao que era em
setembro, antes da piora na crise internacional.
No mês passado, o Tesouro
reduziu a participação dos títulos corrigidos pela inflação no
total da dívida. Em outubro,
correspondiam a 27,12% da dívida e caíram para 26,4%. Segundo Pedras, a mudança no
perfil é explicada pela concentração de vencimentos desses
papéis em novembro. A parcela
prefixada praticamente não se
alterou, enquanto os títulos
corrigidos pela taxa de juros de
mercado aumentou de 33,05%
da dívida total para 33,18%.
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