São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Desvalorização do real encarece dívida pública

Títulos corrigidos por câmbio estão acima da meta

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A desvalorização de 10,3% do real em relação ao dólar custou R$ 12,2 bilhões ao governo em novembro. Esse foi o impacto do câmbio na dívida externa e interna do país no mês passado, que alcançou R$ 1,374 trilhão.
Isso não significa que o governo tenha desembolsado todo esse valor, mas que o estoque do endividamento subiu e, se a cotação do dólar não cair até o vencimento desses títulos, a União terá que tirar esse dinheiro do caixa, mesmo valor previsto para gastos com o Bolsa Família em 2009.
A alta do dólar ameaça também uma das metas que o governo estabelece anualmente para a dívida pública. Em agosto, numa revisão dos planos anunciados em janeiro, o Tesouro Nacional fixou em 9% a participação dos títulos corrigidos pelo câmbio na dívida total. Em novembro, porém, o percentual já havia atingido 9,66%.
"[Esse aumento] é efeito da desvalorização do real frente ao dólar e está concentrado principalmente na dívida externa", disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras.
O impacto no dólar na dívida externa, parcela que inclui títulos que o Brasil vende em moeda estrangeira fora do país, foi de 9,15% em novembro. Assim, o país contabilizou um passivo de R$ 129,98 bilhões no fim de novembro contra R$ 119,08 bilhões em outubro.
Mas esse valor não inclui as intervenções feitas pelo Banco Central no câmbio nem os títulos que o Tesouro vendia no mercado interno com correção cambial. Como essas operações são em reais, acabam contabilizadas como dívida interna. No fim de outubro, 3,17% do endividamento interno era afetado pelo câmbio, totalizando outros R$ 39,44 bilhões.
A dívida externa também afetou o custo da dívida federal. A média de juros pagos pelo governo nos últimos 12 meses sobre esses títulos foi de 32,38% ao ano, em outubro. No mês passado, saltou para 41,74%.

Melhora
Internamente, o governo teve um mês mais tranqüilo em novembro do que em outubro. Depois de adiar a venda de títulos de longo prazo e com taxa de juros definidas na hora da operação, o Tesouro Nacional voltou a oferecer esses papéis.
Os juros pagos pelo governo também caíram, na média, de 14,73% ao ano para 14,51%, na comparação de outubro com novembro. Segundo Pedras, o nervosismo no mercado financeiro foi menor no mês passado, o que ajudou no financiamento do Tesouro Nacional. Segundo ele, dezembro vem sendo um mês melhor que os dois anteriores, e a taxa dos leilões já retornou ao que era em setembro, antes da piora na crise internacional.
No mês passado, o Tesouro reduziu a participação dos títulos corrigidos pela inflação no total da dívida. Em outubro, correspondiam a 27,12% da dívida e caíram para 26,4%. Segundo Pedras, a mudança no perfil é explicada pela concentração de vencimentos desses papéis em novembro. A parcela prefixada praticamente não se alterou, enquanto os títulos corrigidos pela taxa de juros de mercado aumentou de 33,05% da dívida total para 33,18%.


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