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TRABALHO
Em 2003, taxa média de desempregados foi de 12,3%; rendimento médio do trabalhador cai 12,5% em um ano
Com Lula, renda cai e desemprego cresce
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
No primeiro ano de governo de
Luiz Inácio Lula da Silva o mercado de trabalho brasileiro piorou: o
desemprego cresceu em 2003, e o
rendimento do trabalhador caiu,
pelo sexto ano consecutivo.
Em dezembro de 2003, o rendimento médio real do trabalhador
caiu 12,5% ante igual mês de 2002,
segundo divulgou ontem o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Como houve perda
de dados do IBGE sobre duas regiões metropolitanas -Porto
Alegre e Salvador-, a comparação anual (janeiro a dezembro) de
2003 com 2002 não é possível. De
março a dezembro de 2003, a renda teve queda de 12,9% em relação ao mesmo período de 2002.
Embora o IBGE tenha mudado
a metodologia da PME (Pesquisa
Mensal de Emprego) -dificultando comparações, pois o patamar das taxas aumentou-, a tendência é a mesma: retração contínua da renda desde 1998. Em
2002, pela metodologia antiga, o
recuo foi de 4%.
Já a taxa de desemprego média
do ano ficou em 12,3%. De março
a dezembro de 2002, a média ficou em 12,5% -maior do que os
11,7% registrados no mesmo período de 2002.
Em dezembro do ano passado,
o desemprego caiu, atingindo
10,9% -havia sido 12,2% em novembro. É, porém, maior do que a
de dezembro de 2002 (10,5%).
Segundo o IBGE, as contratações de final de ano e o fato de menos gente ter procurado emprego
em dezembro por causa de férias
e festas de final de ano fizeram a
taxa recuar.
Em 2003, a informalidade também se agravou. De acordo com o
IBGE, o mercado de trabalho gerou novas vagas. Foram 812 mil a
mais na comparação de dezembro de 2002 com dezembro de
2003, o que representa um aumento de 4,5%. O problema é que
quase todos os empregos criados
são precários, informais e com salários baixos.
Somadas, as contratações de
trabalhadores por conta própria
(em sua maioria, camelôs e gente
que faz bico) e sem carteira cresceram em 780 mil pessoas de dezembro de 2002 para dezembro
de 2003. Já o contingente de pessoas sem trabalho subiu 184 mil
-ou 8,7% a mais.
Na avaliação do gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo
Pereira, o aumento da informalidade é a principal razão para a
forte retração da renda em 2003.
Dezembro
Para o diretor do Instituto de
Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
João Sabóia, 2003 "foi um ano
muito ruim" para o mercado de
trabalho. "Não poderia ser diferente com um crescimento econômico quase nulo, provocado
pelo aperto da política monetária", disse.
De acordo com Pereira, do IBGE, 2003 foi um ano atípico. Isso
porque a taxa de desemprego ficou elevada de maio a outubro,
num patamar próximo a 13%.
Historicamente, o segundo semestre é um período de declínio
da taxa. Os índices só começaram
a cair em novembro. "O que ainda
não sabemos é se começou uma
recuperação no final do ano."
Ao analisar o ano de 2003, Pereira afirmou que o rendimento
em queda levou pessoas que estavam fora do mercado de trabalho
a procurar emprego com o objetivo de recompor a renda familiar.
Em sua maioria, são jovens e aposentados que querem complementar o orçamento da família.
Sabóia faz a mesma avaliação.
Acrescenta, porém, que o rendimento também caiu por causa da
inflação alta de 2003 -9,3%, segundo o IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo).
Fábio Romão, da consultoria
LCA , destaca que, se não fosse o
crescimento das exportações, o
desemprego seria maior ainda.
Afirma, entretanto, que os resultados do final do ano surpreenderam positivamente, com quedas
menores do rendimento e dados
melhores de ocupação.
Para 2004, tanto Sabóia como
Romão estão otimistas. Sabóia diz
que a renda deve reagir, mas que
isso dependerá do crescimento
econômico. "Com a manutenção
dos juros pelo BC, não dá para ter
certeza mais se será mesmo
3,5%", diz.
Romão afirma que, acompanhando a reação da economia, o
rendimento só deve começar a
crescer a partir de meados do ano.
Ele prevê um incremento de 2,3%
no rendimento em 2004.
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