São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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Número de trabalhadores sem carteira assinada sobe em 2003

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Desempregados formam fila em frente ao Sine (Sistema Nacional de Empregos), no centro do Rio


DA SUCURSAL DO RIO

O ano de 2003 foi marcado pelo alto crescimento da informalidade, diz o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Repetindo a tendência de meses anteriores, o número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado cresceu 17% em dezembro de 2003 em relação a igual mês de 2002. O total de empregados por conta própria teve alta de 9,5%. Já as contratações com carteira recuaram 1,3%.
Tal crescimento do trabalho precário fez praticamente igualar o contingente de empregados formais e informais. Do total de pessoas ocupadas, os trabalhadores com carteira assinada representavam 40,6% em 2002 (média de março a dezembro). O percentual caiu para 39,5% no mesmo período de 2003.
Já a soma dos contingentes dos sem carteira e dos que trabalham por conta própria subiu de 34,2% para 35,7%. Em dezembro de 2003, havia 18,9 milhões de pessoas ocupadas nas seis principais regiões metropolitanas do país.
Para o IBGE, tanto a queda dos formais como o crescimento dos informais são variações significativas para um período tão curto.
Segundo o economista João Sabóia, diretor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), "uma parte até razoável das pessoas que procuraram emprego foi absorvida, mas em postos muito precários".
O rendimento dos que estão na informalidade caiu com mais intensidade. A retração foi de 12,1% dos sem carteira e de 19% dos conta própria. No caso dos com carteira, o recuo foi menor: 4,6%.
Fábio Romão, da consultoria LCA, afirma que ocorreu uma grande migração de trabalhadores que antes eram formais para a informalidade. A dificuldade de conseguir uma colocação faz com que as pessoas se sujeitem a ganhar menos, trabalhar sem registro ou fazer biscates.
Além disso, diz Romão, muitas empresas, aproveitando a fragilidade do mercado de trabalho para cortar custos, demitem empregados formais e os contratam como prestadores de serviço.

Pior para as mulheres
As mulheres são maioria nas filas de desempregados do país. De acordo com o IBGE, no final do ano passado, dos 2,3 milhões de pessoas que estavam desocupadas, 54,4% eram mulheres.

Com a Folha Online

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