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PAC / REARRANJO
Lula muda plano por apoio de governadores
Presidente orienta Dilma e Mantega a adaptar PAC a pedidos dos dirigentes para aprovar medidas no Congresso
Governo buscará "diálogo" com governantes sem distorcer essência do plano para prorrogar CPMF e DRU por mais dez anos
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem de manhã
no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula Silva
orientou os ministros Dilma
Rousseff (Casa Civil) e Guido
Mantega (Fazenda) a negociar
com os governadores eventuais
modificações no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Falou em "diálogo"
com os Estados "sem distorcer"
o plano, segundo relato de ministros à Folha.
Considerando "moderadas"
as críticas dos governadores,
Lula está disposto a fazer concessões no PAC para aprovar a
prorrogação da CPMF e da
DRU (Desvinculação de Receitas da União). A intenção do
presidente é propor uma prorrogação da CPMF e da DRU
nos moldes atuais por dez anos.
A alíquota da CPMF é de
0,38% por movimentação financeira. A DRU exclui 20% do
total de impostos arrecadados
que devem ser partilhados pela
União com Estados e municípios. Há compensações federais para Estados e municípios
que diminuem essa mordida.
Lula pediu aos ministros que
façam rapidamente um cronograma de execução e acompanhamento das obras. Pretende
visitar algumas em breve. E
elaborou com ministros ofensiva na mídia regional, que, na visão da cúpula do governo, recebeu o PAC melhor do que a imprensa nacional.
Governadores aliados e da
oposição fizeram críticas ao
plano, lançado anteontem.
Queixaram-se, sobretudo, de
não terem sido consultados sobre os investimentos prioritários de infra-estrutura e de
eventual perda de arrecadação
com a redução de impostos para alguns setores da economia.
O presidente marcou reunião com governadores para 6
de março. Pediu a Dilma e
Mantega que elaborem pauta
de reivindicações dos Estados e
que vejam o que seria "tecnicamente razoável atender", segundo relato de auxiliares à
Folha. Está disposto a negociar, segundo ministros, eventual mudança no cardápio de
obras e a avaliar se haverá a
perda de arrecadação que alegam. Então, poderia atender
parcialmente as reivindicações.
Sem os governadores será difícil aprovar a prorrogação da
CPMF e da DRU no Congresso,
pois são necessários três quintos dos votos tanto dos 513 deputados federais quanto dos 81
senadores em duas sessões de
votação em cada Casa do Congresso. A validade da CPMF e
da DRU acabará em 31 de dezembro deste ano.
Durante a discussão para elaborar o PAC, a prorrogação da
CPMF e da DRU por mais dez
anos esteve incluída nas medidas fiscais de longo prazo do
plano. Lula, porém, optou por
tirá-las do anúncio oficial porque são mecanismos velhos e
que poderiam, na avaliação do
governo, contaminar negativamente a reação ao PAC.
Ao propor extensão da
CPMF e da DRU por mais dez
anos, Lula argumentará que
pretende deixar para os sucessores um cenário fiscal melhor.
Os mecanismos seriam rediscutidos apenas no segundo ano
do sucessor do sucessor de Lula
(2012). Obviamente, esse é um
prazo sujeito a negociação. Ao
propor dez anos, Lula espera
levar pelo menos os outros três
do seu segundo mandato.
Mídia
O presidente reclamou da
manchete de ontem da Folha
("Plano de Lula é criticado por
empresários e governadores")
e também de outros jornais impressos. Avaliou, porém, como
positiva a repercussão do PAC
nos telejornais noturnos de anteontem e nos órgãos regionais
de imprensa. Ele determinou
que ministros viajem a seus Estados de origem para dar mais
repercussão ao PAC nos veículos regionais.
Lula deve viajar hoje à noite
para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos
(Suíça). Seu discurso no evento
deverá ser baseado no que fez
anteontem ao anunciar o PAC.
Segundo um ministro, Lula
pretende dizer que é possível
crescimento sem medidas radicais e contrárias à democracia,
em mais um lance para marcar
diferenças com o colega venezuelano, Hugo Chávez.
Venderá o PAC como um
plano que melhorará a infra-estrutura e o ambiente de negócios no Brasil, convidando
investidores a apostar no país
nos próximos anos.
O discurso do PAC foi considerado na reunião uma dos
melhores já feitos por Lula. O
jornalista João Santana, marqueteiro da campanha de Lula
e consultor do Palácio do Planalto, fez a revisão final.
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