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CRISE NOS MERCADOS/ REAÇÃO GLOBAL
Saída recorde de estrangeiro derruba Bolsa
Baixa de 3,32% ontem fez Bovespa acumular no ano perda de 15,11%; até agora, já saíram R$ 4,5 bi em capital externo
Estrangeiro vende ativos no Brasil para cobrir perdas lá fora, afirmam analistas; dólar sobe e registra alta de 2,70% no ano diante do real
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Durou apenas um dia a trégua no mercado. Perdas expressivas voltaram a abalar as
Bolsas de Valores pelo mundo.
A Bovespa, após operar em
queda durante todo o pregão,
encerrou com desvalorização
de 3,32%. No acumulado do
ano, a baixa é de 15,11%.
A fuga recorde de estrangeiros tem sido fundamental para
o desabamento da Bovespa. Até
o dia 21 deste mês, o saldo das
operações dos estrangeiros na
Bolsa paulista estava negativo
em R$ 4,5 bilhões -o pior resultado mensal já registrado.
"No curto prazo, a Bovespa
vai seguir sofrendo muito, com
os estrangeiros vendendo
ações aqui para cobrir perdas
que têm tido lá fora. E não consigo ver um final para essa crise
tão cedo", afirma Newton Rosa,
economista-chefe da Sul América Investimentos.
A saída de capital externo do
mercado acionário tem colaborado para a alta do dólar. Ontem o dólar subiu 1,84% e fechou as operações vendido a R$
1,825. No ano, a alta da moeda
americana está em 2,70%.
O resultado de ontem desanimou quem esperava que o mercado financeiro retomasse a rota de alta após a inesperada redução de juros, de 4,25% para
3,50% anuais, anunciada pelo
Fed (o banco central dos Estados Unidos) na terça-feira.
"Os últimos dias mostram
que o mercado enfrenta um
momento de volatilidade forte
e que veio para ficar. O mercado
vai seguir oscilando bastante,
mesmo com a redução de juros
nos EUA e o pacote preparado
pelo governo do país. O 1º semestre, pelo menos, será bem
turbulento", afirma Alexandre
Horstmann, diretor de gestão
da Meta Asset Management.
A Bolsa de Valores de São
Paulo já abriu em forte queda,
acompanhando o mau desempenho do mercado europeu,
que se decepcionou com a perspectiva de manutenção dos juros na Europa -investidores
esperavam que o BC europeu
seguisse o Fed.
O Ibovespa, mais importante
índice da Bolsa, chegou a registrar perdas de 5,50% no pior
momento de ontem.
A recuperação da Bolsa de
Nova York no fim do pregão de
ontem -que reverteu as perdas
e subiu 2,5%-, quando a Bovespa já tinha encerrado suas
operações, pode fazer com que
o dia seja mais favorável ao
mercado acionário hoje.
A queda do barril de petróleo,
que tem sido afetado pelo temor de recessão nos EUA, que
comprometeria a demanda pelo produto, prejudicou as ações
de petrolíferas nas Bolsas européias e americana. O barril de
petróleo, que bateu em US$ 100
no começo de 2008, caiu 2,5%
ontem e fechou a US$ 86,99.
Com as ações da Petrobras
não foi diferente. O papel ordinário da Petrobras caiu 1,92%, e
o preferencial recuou 1,71%.
"A Bovespa é muito dependente do desempenho de Petrobras e Vale, que têm sofrido
com a baixa do petróleo e das
commodities metálicas no exterior", diz Horstmann.
No pregão de ontem, quase
35% da movimentação da Bovespa ficou com as ações das
duas companhias. Mais do que
Petrobras, as ações da Vale tiveram um pregão bem ruim. O
papel PNA da companhia recuou 6,10%, e o ON, 5,46%.
Essas ações costumam ser
muito negociadas pelos investidores estrangeiros, que têm se
desfeito de papéis na Bovespa
com força neste ano.
"Os fluxos externos para a
Bovespa costumam ser exagerados tanto para o bem, nos
momentos de alta, quanto para
o mal, como agora", afirma
Horstmann.
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