São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Em dia turbulento, Dow Jones reage no final

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

A Bolsa de Valores de Nova York fechou ontem com alta de 2,5% no índice Dow Jones, após um dia turbulento, em que encostou em 2,7% de queda. A recuperação aconteceu no final da tarde, após uma reunião entre bancos e autoridades do setor segurador para socorrer a Ambac e a MBIA, seguradoras de crédito, que tiveram sua avaliação de risco rebaixada por conta da exposição ao risco de inadimplência.
O dia no mercado americano começou tenso ontem com a projeção de que a Apple crescerá 29% no primeiro trimestre deste ano. O número foi considerado modesto para a empresa que vende hits tecnológicos como o iPhone e lançou recentemente novos modelos de iPod e de computadores portáteis, o que sinaliza que o consumidor está gastando menos.
As ações da Apple acabaram caindo 10%, e as da Motorola, que também anunciou resultados frustrantes, terminaram em baixa de quase 20%.
"Notícias ruins em avaliações individuais de empresas, mesmo as mais ascendentes, acontecem a toda hora. A diferença é que a Apple divulgou sua projeção em um momento em que o mercado está muito sensível, se assustando por qualquer detalhe", disse à Folha Josh Lerner, analista de investimentos da Harvard Business School.

Bush
Além do socorro às seguradoras, a virada do vermelho para o azul aconteceu depois de o presidente George W. Bush ter afirmado, após reunião com prefeitos, que a Casa Branca está trabalhando com o Congresso por um plano de estímulo econômico "robusto". "Eu falei com eles [os prefeitos] sobre meu desejo de trabalhar com o Congresso para conseguir passar um pacote de estímulo, simples o suficiente para que as pessoas o entendam e eficiente o suficiente para ter impacto", disse Bush.
O anúncio na semana passada de um pacote de até US$ 150 bilhões em isenção fiscal para afastar a possibilidade de recessão foi considerado insuficiente para estancar a crise. A decepção colaborou para a derrocada das Bolsas.
Outro fator considerado importante para a recuperação de Wall Street se refere ao corte agressivo pelo Federal Reserve (o banco central dos EUA) da taxa básica de juros, de 4,5% para 3,75%, em reunião extraordinária anteontem com o objetivo declarado de afastar a crise. A avaliação de que esse corte expressivo possa surtir efeito positivo no estímulo ao crédito e ao consumo também animou os investidores e empresas do ramo financeiro, que registraram altas. As ações do Citigroup, por exemplo, subiram ontem 12%.

"Bear market"
A Bolsa Nasdaq testou por algumas horas ontem a zona de perda que configuraria o quadro conhecido como "bear market", período de pessimismo e de desvalorização nos mercados. A Nasdaq teve ontem 20% de queda em relação ao pico de ganho em 2007. A Nasdaq acabou fechando em alta de 1,1%, saindo desse quadro.
O temor dos investidores era que a situação se consolidasse e contaminasse outras Bolsas. A expectativa gira agora em torno da próxima reunião do Fed, na semana que vem, na qual se espera que a taxa de juros caia pelo menos mais 0,25 ponto.


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