São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Soros e ganhadores do Nobel criticam desempenho do Fed

DA REDAÇÃO

O megainvestidor George Soros criticou a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) de cortar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros americana, para 3,5%. Para ele, o corte foi feito de "maneira um tanto apavorada, porque as pessoas temem que existam problemas escondidos [que ainda vão aparecer]".
Soros, que derrubou a libra esterlina em 1992 apostando na desvalorização da moeda britânica, disse que os bancos centrais "perderam o controle". Ele também afirmou acreditar que as autoridades monetárias deveriam estar preparadas para ajudar os mercados no momento do tumulto e impor mais regulamentações, e não menos.
"Os mercados foram relegados aos seus próprios sistemas, e as autoridades vieram contar com os mercados para que eles se corrigissem", afirmou em Davos (Suíça), onde ocorre o Fórum Econômico Mundial. "Eles deviam saber melhor", acrescentou. "Eles deviam saber que os mercados não necessariamente se corrigem."
Ele também disse que será muito difícil para os Estados Unidos e o Reino Unido evitarem uma recessão econômica, mas que ela não deverá ser mundial. "Eu estou esperando uma transferência significativa de poder e influência, dos EUA em particular, em direção ao mundo desenvolvido, especialmente para a China."
Para o Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz, o banco central dos Estados Unidos demorou muito para agir. "O que estamos vendo agora são as conseqüências de uma má conduta econômica."
"Infelizmente, esse episódio pode levar os mercados -com pouca coisa para fazer- a ficarem mais atentos com todas as coisas que devem se preocupar, que foram ignoradas durante os inebriantes dias de boom", afirmou Edmund Phelps, ganhador do prêmio em 2007 e que também está em Davos.
Phelps disse ainda ser descrente de políticas que tentam solucionar os problemas do setor privado. "Eu me preocupo com os pedidos de políticos para "impedir a recessão", como se os cortes na taxa de juros pelo Fed e restituições de impostos [uma das propostas do governo americano] pudessem combater ou desfazer as forças estruturais liberadas pelo enfraquecimento do setor bancário."
John Thain, executivo-chefe do Merrill Lynch, um dos bancos que mais perderam na crise, disse que o corte do Fed não foi suficiente para consertar a economia mundial.


Com "Financial Times" e Reuters

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