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CRISE NOS MERCADOS/ RISCOS
Copom mantém juros em 11,25% ao ano
Após decisão unânime e esperada, BC afirma que vai ficar atento aos desdobramentos da turbulência nos mercados
Copom não reduz a taxa desde outubro, preocupado
com o risco de o crescimento pressionar a inflação e
agora com a crise nos EUA
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Como esperado pelo maioria
dos analistas do mercado, o
Banco Central manteve ontem
a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 11,25% ao ano.
A decisão do Copom (Comitê
de Política Monetária, formado
pelos diretores do BC) foi unânime. Em nota, a autoridade
monetária mostrou que estará
atenta aos desdobramentos da
turbulência na economia mundial. O último corte da Selic foi
em setembro.
"Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas
para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a
taxa Selic em 11,25% ao ano,
sem viés. O comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião, para então definir
os próximos passos na sua estratégia de política monetária",
justificou o BC, em nota.
A ata da reunião, com os motivos da diretoria do BC para a
manutenção dos juros, será divulgada na próxima quinta-feira. Esse documento serve como
uma sinalização para o mercado financeiro de quais serão os
passos seguintes do Copom. O
próximo encontro será nos dias
4 e 5 de março.
Assessor direto do ministro
Guido Mantega (Fazenda), o
secretário de Acompanhamento Econômico, Nelson Barbosa,
qualificou a decisão do BC de
cautelosa. "Num momento de
turbulência, é recomendável
esperar para ver o comportamento da economia", afirmou
ontem à noite, após o anúncio
da decisão.
Alta
A maioria das cem instituições financeiras consultadas
pelo BC, na semana passada,
espera que os juros permaneçam em 11,25% ao longo de
2008. Muitos já admitem, porém, que a Selic pode subir durante o ano, com o agravamento da turbulência financeira internacional.
A piora da crise nos Estados
Unidos, causada pela quebradeira dos fundos atrelados a
créditos imobiliários de alto
risco, causou a mudança de expectativas em relação aos juros
no Brasil. Nas vésperas da última reunião do Copom do ano
passado, nos dias 4 e 5 de dezembro, o mercado financeiro
projetava que a Selic poderia
cair a partir de abril. Essa hipótese está descartada pelos economistas ouvidos pelo BC na
sexta-feira passada.
Mudança de foco
A última queda da Selic foi
em setembro, depois de dois
anos e meio consecutivos de
corte na taxa básica. Em outubro, a autoridade monetária interrompeu a seqüência de redução dos juros, mas os motivos de preocupação para a autoridade monetária mudaram
desde então. Até dezembro, o
foco das atenções era o crescimento econômico acelerado.
Os diretores do BC, assim como
os economistas do mercado financeiro, temiam que a produção nacional não fosse suficiente para suprir o aumento do
consumo, o que poderia gerar
inflação no futuro.
Atualmente, todas as atenções estão voltadas para o risco
de a crise no mercado americano levar o país à recessão. Se esse cenário se confirmar, a inflação no Brasil corre igual risco
de subir, com a queda das exportações e eventual recuo nos
preços das commodities (como
soja e café, por exemplo).
A inflação medida pelo IPCA,
usada como balizador da política monetária, acumulou alta de
4,46% no ano passado, muito
próximo do centro da meta, de
4,5%.
A redução de 0,75 ponto percentual de juros nos Estados
Unidos nesta semana, para estimular a economia local, trouxe um alívio para o Brasil porque aumentou a diferença entre as taxas pagas pelo títulos
no mercado brasileiro e os
americanos.
A reunião de ontem contou
com três novatos. Desde o último encontro do Copom, tomaram posse a diretora de Assuntos Internacionais, Maria Cellina Arraes, o diretor de Administração, Anthero Meirelles, e
o diretor de Fiscalização, Alvin
Alberto Hoffmann. Todos eles
são funcionários de carreira do
Banco Central.
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