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Provedores temem que teles dominem o mercado
Minuta de decreto de banda larga na escola muda regras
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Desde que o governo aceitou
trocar o compromisso das teles
de implantação de postos públicos de serviços de telecomunicações pela construção de estradas para transmissão em
banda larga nos municípios, os
provedores de acesso à internet
entraram em alerta máximo,
com receio de que as teles monopolizem esse mercado, a
exemplo do que acontece na telefonia fixa local e tende a se repetir na TV paga.
Anteontem, dirigentes de entidades dos provedores de acesso à internet tiveram reunião
com representantes da Casa
Civil e dos Ministérios das Comunicações e do Planejamento, no Palácio do Planalto.
Eles procuraram o governo
por causa de rumores de que as
regras de funcionamento do setor seriam alteradas. Hoje elas
qualificam a internet como serviço de valor agregado, o que
impede as teles de oferecerem
o serviço diretamente ao usuário. Elas o fazem por intermédio de subsidiárias ou coligadas, provedoras de internet.
Pouco depois do término da
reunião, na Casa Civil, em que o
governo assegurou que não haveria mudanças, circulou uma
nova minuta do decreto presidencial sobre o Programa Banda Larga na Escola, a ser assinado nas próximas semanas.
A minuta, a cuja cópia a Folha teve acesso, afirma que as
pessoas jurídicas interessadas
em participar do programa oferecerão "diretamente ou por
terceiros, conexão em banda
larga e transporte de dados,
bem como provimento de acesso à internet às escolas, mediante condições estabelecidas
em Termos de Adesão próprios".
A versão reacendeu o alarme
entre os provedores, que vêem
no texto uma abertura para o
avanço das teles. "É um absurdo, uma total mudança nas regras",afirmou o presidente da
Abranet (Associação Brasileira
de Provedores de Acesso à Internet), Eduardo Parajo.
Segundo informações de
provedores, a minuta anterior,
que circulou em dezembro, dizia que o programa seria executado ""em parceria com os prestadores de telefonia, mediante
adesão", e não dava abertura
para as teles oferecerem o acesso à internet diretamente.
Concorrência
Na reunião ocorrida na Casa
Civil, cinco entidades representantes dos provedores apresentaram os números do setor.
Segundo elas, são cerca de
1.700 provedores de internet
no país, que geram 50 mil empregos diretos e 100 mil indiretos.
A maior parte oferece banda
larga, sem fio, usando frequências livres existentes. Os provedores querem formar consórcios para participar do programa de banda larga nas escolas.
Argumentam que produzem
conteúdos locais (notícias e entretenimento) e que são um
meio de democratização da informação.
Outro lado
O Ministério das Comunicações afirmou que o decreto do
Programa Banda Larga na Escola deve ser assinado pelo presidente Lula em 31 de janeiro
ou, no mais tardar, em 11 de fevereiro, e que a minuta teve várias versões.
Mas, o ministério diz que haverá espaço para os provedores
de internet oferecerem o serviço.
Segundo a Folha apurou
junto a funcionário do governo,
por trás da mudança no texto
haveria interesse do governo
em usar a RNP (Rede Nacional
de Pesquisa) para fazer o acesso à internet nas escolas.
Já a Casa Civil informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que não haverá mudança de regras para provedores.
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