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Lupi vê "má-fé" de montadoras em demissões
Ministro afirma que setor automotivo age com "egoísmo" e cobra paciência, pois vendas se recuperam
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse ontem, em Campinas, que empresas do setor automotivo agem de "má-fé" e
com "egoísmo" ao demitir funcionários, mesmo após a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e cobrou "um pouquinho de paciência" do ramo -que, segundo ele, "ganhou muito dinheiro
em 2008".
"Há má-fé, sim, porque está
crescendo a venda, vendeu
muito carro nesta primeira
quinzena de janeiro e o setor
está se recuperando. Por que
demitir? Por que se precipitar?
Para que trazer infelicidade a
dezenas de lares, quando você
pode esperar mais 15 dias para
ver que vai vender o estoque e
que precisava manter o emprego? A vida não é só lucro, tem
dia que você perde um pouquinho para no outro dia ganhar."
De acordo com o ministro,
"alguns setores aproveitam a
crise" para se ajustar e garantir
lucros maiores.
"Alguns setores aproveitam a
crise para fazer o ajuste interno
para garantir sua base de lucro
maior. Com a redução de IPI,
está crescendo a venda. Então,
se está vendendo mais carro e
se o estoque está circulando,
para que demitir?"
O ministro disse que o setor
automotivo vendeu 2.000 carros a menos na primeira quinzena em relação ao mesmo período do ano passado.
"Nos primeiros 15 dias de janeiro deste ano, o Brasil vendeu
89 mil automóveis. Nos primeiros 15 dias de janeiro de 2008,
quando não havia crise, o país
vendeu 91 mil carros. Que crise
é essa que pode obrigar a demitir tanta gente do setor automotivo?"
Lupi continuou o ataque ao
setor e questionou o destino
dos lucros das empresas. "[É
preciso] Um pouquinho de
tranquilidade, um pouquinho
de paciência para um setor que
ganhou muito dinheiro. Nunca
se vendeu tanto carro no Brasil
quanto em 2008. Esse dinheiro
esvaiu-se? Sumiu? Não, a gente
sabe que não."
Lupi disse que o Brasil voltará a gerar empregos em março e
chamou de "agourentos" os que
preveem que a crise permanecerá por mais tempo no país.
"Contrariando aqueles que são
um pouco agourentos e querem
que o Brasil não dê certo, eu tenho certeza de que o Brasil, em
março, voltará a crescer."
A Anfavea (associação de fabricantes de veículos) preferiu
não comentar as declarações
do ministro.
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