São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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Lupi vê "má-fé" de montadoras em demissões

Ministro afirma que setor automotivo age com "egoísmo" e cobra paciência, pois vendas se recuperam

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) disse ontem, em Campinas, que empresas do setor automotivo agem de "má-fé" e com "egoísmo" ao demitir funcionários, mesmo após a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e cobrou "um pouquinho de paciência" do ramo -que, segundo ele, "ganhou muito dinheiro em 2008".
"Há má-fé, sim, porque está crescendo a venda, vendeu muito carro nesta primeira quinzena de janeiro e o setor está se recuperando. Por que demitir? Por que se precipitar? Para que trazer infelicidade a dezenas de lares, quando você pode esperar mais 15 dias para ver que vai vender o estoque e que precisava manter o emprego? A vida não é só lucro, tem dia que você perde um pouquinho para no outro dia ganhar."
De acordo com o ministro, "alguns setores aproveitam a crise" para se ajustar e garantir lucros maiores.
"Alguns setores aproveitam a crise para fazer o ajuste interno para garantir sua base de lucro maior. Com a redução de IPI, está crescendo a venda. Então, se está vendendo mais carro e se o estoque está circulando, para que demitir?"
O ministro disse que o setor automotivo vendeu 2.000 carros a menos na primeira quinzena em relação ao mesmo período do ano passado.
"Nos primeiros 15 dias de janeiro deste ano, o Brasil vendeu 89 mil automóveis. Nos primeiros 15 dias de janeiro de 2008, quando não havia crise, o país vendeu 91 mil carros. Que crise é essa que pode obrigar a demitir tanta gente do setor automotivo?"
Lupi continuou o ataque ao setor e questionou o destino dos lucros das empresas. "[É preciso] Um pouquinho de tranquilidade, um pouquinho de paciência para um setor que ganhou muito dinheiro. Nunca se vendeu tanto carro no Brasil quanto em 2008. Esse dinheiro esvaiu-se? Sumiu? Não, a gente sabe que não."
Lupi disse que o Brasil voltará a gerar empregos em março e chamou de "agourentos" os que preveem que a crise permanecerá por mais tempo no país. "Contrariando aqueles que são um pouco agourentos e querem que o Brasil não dê certo, eu tenho certeza de que o Brasil, em março, voltará a crescer."
A Anfavea (associação de fabricantes de veículos) preferiu não comentar as declarações do ministro.


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