São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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BB vai elevar provisão contra inadimplência

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante do receio de que a desaceleração da economia possa levar a um aumento na inadimplência, o Banco do Brasil anunciou ontem que vai aumentar em R$ 1,7 bilhão o valor de suas reservas constituídas para cobrir prejuízos causados por calotes registrados na sua carteira de crédito.
Hoje em dia, normas do CMN (Conselho Monetário Nacional) já obrigam os bancos a manter um nível mínimo de provisões para enfrentar possíveis perdas causadas pela inadimplência. Em comunicado enviado ontem à noite à Bovespa, o BB informou que, "diante da atual conjuntura econômica, o banco revisou os modelos estatísticos de perda esperada de crédito de suas carteiras" e elevou suas provisões para acima do limite mínimo exigido.
Segundo as demonstrações financeiras mais recentes divulgadas pelo BB, em setembro, o banco possuía uma carteira de crédito de R$ 202 bilhões, sendo que, desse valor, R$ 11,2 bilhões estavam provisionados. Ou seja, esse era o montante de recursos que o banco reservou numa conta específica para cobrir possíveis perdas causadas pela inadimplência.
De lá para cá, porém, o BB fechou duas grandes aquisições que tiveram impacto sobre esses números: comprou o controle da Nossa Caixa e também ficou com pouco menos da metade do capital votante do banco Votorantim, além da compra de carteiras de créditos de pequenas instituições financeiras.
No caso do Votorantim, a operação permitiu que o BB passasse a ter uma grande participação no mercado de financiamento de veículos usados, um dos principais nichos de atuação do banco da família Ermírio de Moraes e que, com o agravamento da crise financeira, nos últimos meses, tem sofrido com o aumento na inadimplência.
A decisão do Banco do Brasil em elevar suas provisões foi possível graças a uma mudança nas regras do setor promovida pelo CMN no final do ano passado. Na ocasião, foi decidido que os bancos que fizerem provisões acima dos limites mínimos exigidos pelas normas em vigor não precisariam mais descontar esses valores de seu patrimônio, como acontecia antes.
Isso prejudicaria a concessão de crédito por parte do setor bancário num momento em que a oferta de financiamentos é escassa, pois o valor máximo de empréstimos que um banco pode liberar é proporcional ao tamanho de seu patrimônio. Assim, para continuar com o mesmo fôlego para financiar seus clientes, o BB seria obrigado a fazer um aumento de capital de R$ 1,7 bilhão caso quisesse fazer uma provisão adicional desse mesmo valor.


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