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BB vai elevar provisão contra inadimplência
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do receio de que a desaceleração da economia possa
levar a um aumento na inadimplência, o Banco do Brasil
anunciou ontem que vai aumentar em R$ 1,7 bilhão o valor
de suas reservas constituídas
para cobrir prejuízos causados
por calotes registrados na sua
carteira de crédito.
Hoje em dia, normas do
CMN (Conselho Monetário
Nacional) já obrigam os bancos
a manter um nível mínimo de
provisões para enfrentar possíveis perdas causadas pela inadimplência. Em comunicado
enviado ontem à noite à Bovespa, o BB informou que, "diante
da atual conjuntura econômica, o banco revisou os modelos
estatísticos de perda esperada
de crédito de suas carteiras" e
elevou suas provisões para acima do limite mínimo exigido.
Segundo as demonstrações
financeiras mais recentes divulgadas pelo BB, em setembro, o banco possuía uma carteira de crédito de R$ 202 bilhões, sendo que, desse valor,
R$ 11,2 bilhões estavam provisionados. Ou seja, esse era o
montante de recursos que o
banco reservou numa conta específica para cobrir possíveis
perdas causadas pela inadimplência.
De lá para cá, porém, o BB fechou duas grandes aquisições
que tiveram impacto sobre esses números: comprou o controle da Nossa Caixa e também
ficou com pouco menos da metade do capital votante do banco Votorantim, além da compra
de carteiras de créditos de pequenas instituições financeiras.
No caso do Votorantim, a
operação permitiu que o BB
passasse a ter uma grande participação no mercado de financiamento de veículos usados,
um dos principais nichos de
atuação do banco da família Ermírio de Moraes e que, com o
agravamento da crise financeira, nos últimos meses, tem sofrido com o aumento na inadimplência.
A decisão do Banco do Brasil
em elevar suas provisões foi
possível graças a uma mudança
nas regras do setor promovida
pelo CMN no final do ano passado. Na ocasião, foi decidido
que os bancos que fizerem provisões acima dos limites mínimos exigidos pelas normas em
vigor não precisariam mais
descontar esses valores de seu
patrimônio, como acontecia
antes.
Isso prejudicaria a concessão
de crédito por parte do setor
bancário num momento em
que a oferta de financiamentos
é escassa, pois o valor máximo
de empréstimos que um banco
pode liberar é proporcional ao
tamanho de seu patrimônio.
Assim, para continuar com o
mesmo fôlego para financiar
seus clientes, o BB seria obrigado a fazer um aumento de capital de R$ 1,7 bilhão caso quisesse fazer uma provisão adicional
desse mesmo valor.
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