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Obama negocia mudanças em pacote
Presidente pede aprovação das medidas até 16 de fevereiro; cresce expectativa de nacionalização de bancos
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Reconhecendo existirem divergências entre democratas e
republicanos no Congresso, o
novo presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem
que pretende anunciar um novo pacote de estímulo para a
economia antes de 16 de fevereiro, data do feriado do Dia do
Presidente.
Segundo relato dos congressistas, Obama afirmou que ao
menos 75% do dinheiro do pacote, estimado em US$ 825 bilhões (o equivalente a mais do
que a metade do PIB do Brasil),
deverá irrigar a economia nos
próximos 18 meses.
O pacote incluirá uma série
de gastos diretos em investimentos em infraestrutura (estimados US$ 100 bilhões), entre US$ 50 bilhões e US$ 100
bilhões para ajudar mutuários
que correm o risco de perder
seus imóveis e cerca de US$ 275
bilhões em um programa de redução de impostos.
O pacote inclui ainda bilhões
de dólares para reforçar e ampliar o pagamento do seguro-desemprego e ajuda direta aos
Estados para sustentar programas públicos de saúde.
O plano de alívio tributário é
o que mais tem causado divergências, já que os republicanos
gostariam de ampliá-lo e estender a ajuda a grandes empresas,
como fez o ex-presidente George W. Bush em seu mandato.
Além de negociar o pacote de
US$ 825 bilhões com o Congresso, a nova administração já
recebeu o sinal verde dos parlamentares para gastar outros
US$ 350 bilhões -a segunda
metade do pacote de ajuda ao
setor financeiro aprovado no final de 2008.
Ontem, Obama reafirmou
que seu governo tomará "todas
as providências" para que novas ajudas a bancos sejam repassadas rapidamente na forma de empréstimos aos consumidores americanos.
Obama e seu novo secretário
do Tesouro, Timothy Geithner,
têm insistido nesse ponto, já
que a maior parte dos mais de
US$ 200 bilhões dirigidos aos
bancos nos EUA nos últimos
meses acabou "entesourada"
pelas instituições.
Essas declarações vêm gerando uma expectativa de nacionalização, mesmo que
"branca", de alguns bancos.
Pois o governo dos EUA de fato
poderá passar a ser o maior
acionista de muitas instituições após as novas ajudas.
Dando mais indicações de
que o governo pode querer aumentar o seu poder de comando, Obama e Geithner reafirmaram ontem que os bancos
que receberem novas ajudas serão obrigados a limitar pagamentos e bônus a seus executivos e que serão vigiados de perto sobre como estarão empregado o dinheiro.
"As notícias que temos recebido nos últimos dias dão conta
de que bancos que receberam
dinheiro dos contribuintes usaram parte dos recursos para renovar banheiros e escritórios, e
que há muita falta de transparência e acompanhamento na
utilização desse dinheiro", disse Obama.
O governo Obama estaria
considerando duas saídas para
socorrer novamente os bancos
e obrigá-los a voltar a repassar
créditos a seus clientes.
A primeira hipótese seria a
criação de uma instituição estatal que absorveria todos os
ativos "tóxicos" dos bancos
(empréstimos podres e sem garantias suficientes). Com seus
balanços limpos, os bancos teriam novas condições de operar
com financiamentos.
O problema dessa alternativa
é que ela é vista como uma
compensação aos atuais acionistas e dirigentes que geriram
os bancos de forma considerada irresponsável.
Ganha força, portanto, a
ideia de o governo absorver esses títulos "tóxicos" e deixar em
aberto a possibilidade de convertê-los em ações dos próprios
bancos, se assim decidir. Com
isso, o governo americano passaria a ser virtualmente sócio
ou controlador do banco, sem
de fato sê-lo.
Nesse caso, estaria em condições de exigir certas atitudes
das instituições sem necessariamente estar no comando direto delas.
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