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análise
Juro alto ajuda a trazer dólares ao país
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Economistas, analistas e
empresários debatem
quase diariamente as razões para um real tão forte. Para uns, juros altos
têm dado o principal empurrão que leva o real ladeira acima, para outros, a
fortaleza das contas externas, principalmente das
exportações, explica muito mais que os juros.
Os resultados das contas
externas de janeiro mostram que há exageros dos
dois lados e que nenhum
dos dois fatores pode ser
descartado.
Em janeiro, os investimentos estrangeiros em
carteira, dinheiro que entra para ser investido em
Bolsa, títulos e outros papéis, somaram US$ 9,6 bilhões. No mesmo mês, saíram US$ 7,8 bilhões. Ou
seja, sobrou por aqui US$
1,8 bilhão, soma nada desprezível para investimento de curto prazo.
É verdade que esse tipo
de fluxo de dólares é muito
volátil. Entra e sai de qualquer economia com grande velocidade. Mas janeiro
foi o sétimo mês consecutivo em que o saldo desse
tipo de operação foi positivo, movimento que se acelerou desde setembro do
ano passado.
Não é um movimento
isolado. No mundo inteiro
economistas se preocupam com o "carry trade"
japonês -operação em
que investidores fazem
empréstimo em moeda japonesa, pagando juros mínimos, e o investem em
outros mercados, Brasil
incluso. O problema é que
essa é uma operação difícil
de ser rastreada. Alguns
indicadores muito indiretos, como movimentos das
cotações de moedas e das
reservas internacionais de
vários países, mostram
que ela existe. Mas os economistas não têm a menor
idéia da magnitude real
desse tipo de operação.
Pode-se argumentar
que entra dinheiro aqui
para comprar ações de
empresas brasileiras, o
que teria pouco a ver com
os juros. Mas a esmagadora maioria do saldo positivo de investimento em
carteira é mesmo de investimentos em renda fixa,
que trouxeram, em janeiro, US$ 1,4 bilhão adicional, o que certamente ajuda a valorizar o real.
Mas quem reza a cartilha de que são os fundamentos, ou seja, a balança
comercial, a causa da moeda forte também tem alguma razão. Se a entrada líquida de investimentos de
estrangeiros em carteira
foi de US$ 1,8 bilhão, a
contribuição da balança
trouxe outros US$ 2,4 bilhões. E isso com a balança
no menor saldo mensal
desde janeiro de 2005.
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