São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2007

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análise

Juro alto ajuda a trazer dólares ao país

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas, analistas e empresários debatem quase diariamente as razões para um real tão forte. Para uns, juros altos têm dado o principal empurrão que leva o real ladeira acima, para outros, a fortaleza das contas externas, principalmente das exportações, explica muito mais que os juros.
Os resultados das contas externas de janeiro mostram que há exageros dos dois lados e que nenhum dos dois fatores pode ser descartado.
Em janeiro, os investimentos estrangeiros em carteira, dinheiro que entra para ser investido em Bolsa, títulos e outros papéis, somaram US$ 9,6 bilhões. No mesmo mês, saíram US$ 7,8 bilhões. Ou seja, sobrou por aqui US$ 1,8 bilhão, soma nada desprezível para investimento de curto prazo.
É verdade que esse tipo de fluxo de dólares é muito volátil. Entra e sai de qualquer economia com grande velocidade. Mas janeiro foi o sétimo mês consecutivo em que o saldo desse tipo de operação foi positivo, movimento que se acelerou desde setembro do ano passado.
Não é um movimento isolado. No mundo inteiro economistas se preocupam com o "carry trade" japonês -operação em que investidores fazem empréstimo em moeda japonesa, pagando juros mínimos, e o investem em outros mercados, Brasil incluso. O problema é que essa é uma operação difícil de ser rastreada. Alguns indicadores muito indiretos, como movimentos das cotações de moedas e das reservas internacionais de vários países, mostram que ela existe. Mas os economistas não têm a menor idéia da magnitude real desse tipo de operação.
Pode-se argumentar que entra dinheiro aqui para comprar ações de empresas brasileiras, o que teria pouco a ver com os juros. Mas a esmagadora maioria do saldo positivo de investimento em carteira é mesmo de investimentos em renda fixa, que trouxeram, em janeiro, US$ 1,4 bilhão adicional, o que certamente ajuda a valorizar o real.
Mas quem reza a cartilha de que são os fundamentos, ou seja, a balança comercial, a causa da moeda forte também tem alguma razão. Se a entrada líquida de investimentos de estrangeiros em carteira foi de US$ 1,8 bilhão, a contribuição da balança trouxe outros US$ 2,4 bilhões. E isso com a balança no menor saldo mensal desde janeiro de 2005.


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