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Acusado de fraqueza, governo suíço diz que ação dos EUA contra bancos será infrutífera
HAIG SIMONIAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM ZURIQUE
O ministro das Finanças suíço acusou as autoridades americanas de empregar "táticas de
choque" para forçar os titulares
de contas não declaradas no
banco UBS a se apresentarem,
mas avisou que uma possível
ação dos tribunais para descobrir os nomes de milhares de
clientes não terá êxito.
Hans-Rudolf Merz, ministro
das Finanças e chefe de Estado
da Suíça neste ano, sob sua Presidência rotatória, defendeu a
atuação do governo suíço em
incentivar a maior administradora mundial de recursos a infringir o sigilo bancário e, na semana passada, revelar aos Estados Unidos os nomes de entre 250 e 300 clientes.
As declarações de Merz vieram em meio a um debate acirrado sobre o futuro do sigilo
bancário na Suíça, que abriga
estimados um terço dos recursos mundiais depositados fora
dos países de seus donos.
Políticos de todos os partidos
acusaram o governo de fraqueza e inépcia por ter cedido à
pressão dos EUA e posto o sigilo bancário em risco. Os serviços financeiros são responsáveis por 13% do PIB da Suíça, e
o sigilo bancário é visto como
alicerce do sucesso do país como centro financeiro.
As acusações foram feitas
após a decisão inusitada tomada na semana passada pelo
banco e regulador de seguros
suíço Finma de ordenar ao UBS
que transferisse para o Departamento de Justiça americano
os nomes de até 300 clientes.
A iniciativa se deu devido a
temores de que as autoridades
americanas indiciassem o
maior banco da Suíça ou lhe
impusesse multas pesadas.
Qualquer das medidas poderia
colocar seu futuro em perigo.
Eugen Haltiner, o presidente
da Finma, disse que o órgão teve que agir para impedir uma
crise de confiança no UBS que
poderia ter ameaçado o futuro
do maior banco da Suíça e
maior administrador de recursos no mundo.
Mas a ordem do Finma, a pedido indireto do governo, desencadeou uma crise judicial.
Agora, os advogados de clientes
enfurecidos do UBS estão pressionando para que ela seja declarada ilegal.
A Corte Administrativa Federal da Suíça, o órgão de mais
alto nível envolvido, analisará
nesta semana moções registradas por clientes do UBS argumentando que o Finma infringiu as leis de sigilo bancário. Na
tarde da sexta-feira a corte emitiu um mandato temporário
proibindo a divulgação de mais
informações sobre clientes.
Banqueiros bem informados
disseram que os nomes já foram passados às autoridades
americanas, como parte do
acordo de US$ 780 milhões negociado pelo UBS em troca da
suspensão de acusações criminais de auxiliar na sonegação
de impostos, registradas contra
o banco pelo Departamento de
Justiça dos EUA.
Merz e seus críticos se uniram para afirmar que a Suíça
vai defender o sigilo bancário
em uma ação cível separada
que está sendo movida contra o
UBS pela Receita americana.
A Receita está exigindo que o
banco revele os nomes de todos
os seus clientes americanos
não residentes na Suíça, e não
apenas da minoria pequena de
clientes cujos nomes foram revelados na semana passada e
que criaram empresas de fachada para sonegar impostos.
Tradução de CLARA ALLAIN
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