São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Celular no Brasil é dos mais caros, diz ONU

Tarifa só fica atrás de Japão, França e Austrália, que têm renda superior à do brasileiro; preço do fixo também é dos mais elevados

Organismo diz que preços de banda larga e telefonia caíram em 2009, mas continuam inacessíveis à maioria da população global

ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

O Brasil tem o quarto serviço de telefonia celular mais caro do mundo, de acordo com a ONU. No ano passado, os valores das tarifas cobradas dos assinantes brasileiros só ficaram atrás do que pagaram japoneses, franceses e australianos.
Segundo estudo da União Internacional de Telecomunicações (braço da ONU para o setor), os brasileiros pagaram em média US$ 34,6 mensais em um pacote de ligações locais (que inclui 30 mensagens SMS e tarifas para a mesma operadora de celular, para números de outra companhia e para telefones fixos). No país mais barato, Hong Kong, esse valor é de US$ 0,75.
Na América do Sul, o pacote desses serviços menos dispendioso é o do Paraguai: US$ 5,31.
O valor cobrado do brasileiro não apenas está entre os mais altos como também é um dos que mais pesam no bolso. Os gastos com telefonia celular representam 5,7% da renda bruta do brasileiro, enquanto no Japão, que tem o pacote mais caro, eles significam 1,4%. Isso quer dizer que o impacto da tarifa no dia a dia do brasileiro só perde para 40 países (numa lista de 161), a maioria africanos.
Apesar de ainda expressivo, o peso das ligações com celular para os brasileiros ficou menor no ano passado -repetindo o que aconteceu na maior parte do mundo. Elas representavam 7,5% da renda bruta dos brasileiros em 2008, sendo que tinham o 36º maior impacto entre 148 nações. Mais uma vez, o ranking era liderado por africanos, como Togo e Marrocos.
E não é só na tarifa de celular que o Brasil aparece entre os líderes -o mesmo ocorre quando são analisados os valores das ligações de aparelhos fixos. No horário de pico, diz a ONU, as empresas cobram US$ 0,25 por uma ligação local de três minutos, a 19ª mais cara. Para ter uma ideia, na Argentina o valor é de US$ 0,02, e, no Equador, de US$ 0,01.
Por outro lado, a assinatura mensal da telefonia fixa no país era a 72ª mais cara no ano passado (US$ 8,37), o que contribuiu em parte para diminuir o impacto do valor das tarifas.
Já o serviço de internet rápida aparece na parte de baixo do ranking de preços. A assinatura mensal cobrada dos brasileiros por um serviço de 256 kbps (kilobits por segundo, a velocidade mínima que a ONU estabelece para a internet banda larga), de US$ 28, aparecia na 97ª colocação entre as mais caras no índice -que não analisa a qualidade dos serviços.
O índice de penetração no Brasil da internet banda larga nas residências era, em 2008, o 57º mais alto no mundo.
No total, a cesta de preços dos serviços de telecomunicações (que leva em conta os valores de celular, telefonia fixa e banda larga) cobrados dos brasileiros aparecia como a 87ª mais cara do mundo no ano passado quando é levada em conta a renda média da população, com uma queda de quase 50% em relação a 2008.
Segundo a ONU, houve uma queda nos preços pelo mundo em 2009, mas os serviços continuam fora do alcance da maioria da população, especialmente nos países mais pobres.


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