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Celular no Brasil é dos mais caros, diz ONU
Tarifa só fica atrás de Japão, França e Austrália, que têm renda superior à do brasileiro; preço do fixo também é dos mais elevados
Organismo diz que preços
de banda larga e telefonia
caíram em 2009, mas
continuam inacessíveis à maioria da população global
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
O Brasil tem o quarto serviço
de telefonia celular mais caro
do mundo, de acordo com a
ONU. No ano passado, os valores das tarifas cobradas dos assinantes brasileiros só ficaram
atrás do que pagaram japoneses, franceses e australianos.
Segundo estudo da União Internacional de Telecomunicações (braço da ONU para o setor), os brasileiros pagaram em
média US$ 34,6 mensais em
um pacote de ligações locais
(que inclui 30 mensagens SMS
e tarifas para a mesma operadora de celular, para números
de outra companhia e para telefones fixos). No país mais barato, Hong Kong, esse valor é de
US$ 0,75.
Na América do Sul, o pacote
desses serviços menos dispendioso é o do Paraguai: US$ 5,31.
O valor cobrado do brasileiro
não apenas está entre os mais
altos como também é um dos
que mais pesam no bolso. Os
gastos com telefonia celular representam 5,7% da renda bruta
do brasileiro, enquanto no Japão, que tem o pacote mais caro, eles significam 1,4%. Isso
quer dizer que o impacto da tarifa no dia a dia do brasileiro só
perde para 40 países (numa lista de 161), a maioria africanos.
Apesar de ainda expressivo, o
peso das ligações com celular
para os brasileiros ficou menor
no ano passado -repetindo o
que aconteceu na maior parte
do mundo. Elas representavam
7,5% da renda bruta dos brasileiros em 2008, sendo que tinham o 36º maior impacto entre 148 nações. Mais uma vez, o
ranking era liderado por africanos, como Togo e Marrocos.
E não é só na tarifa de celular
que o Brasil aparece entre os líderes -o mesmo ocorre quando são analisados os valores das
ligações de aparelhos fixos. No
horário de pico, diz a ONU, as
empresas cobram US$ 0,25 por
uma ligação local de três minutos, a 19ª mais cara. Para ter
uma ideia, na Argentina o valor
é de US$ 0,02, e, no Equador, de
US$ 0,01.
Por outro lado, a assinatura
mensal da telefonia fixa no país
era a 72ª mais cara no ano passado (US$ 8,37), o que contribuiu em parte para diminuir o
impacto do valor das tarifas.
Já o serviço de internet rápida aparece na parte de baixo do
ranking de preços. A assinatura
mensal cobrada dos brasileiros
por um serviço de 256 kbps (kilobits por segundo, a velocidade mínima que a ONU estabelece para a internet banda larga), de US$ 28, aparecia na 97ª
colocação entre as mais caras
no índice -que não analisa a
qualidade dos serviços.
O índice de penetração no
Brasil da internet banda larga
nas residências era, em 2008, o
57º mais alto no mundo.
No total, a cesta de preços
dos serviços de telecomunicações (que leva em conta os valores de celular, telefonia fixa e
banda larga) cobrados dos brasileiros aparecia como a 87ª
mais cara do mundo no ano
passado quando é levada em
conta a renda média da população, com uma queda de quase
50% em relação a 2008.
Segundo a ONU, houve uma
queda nos preços pelo mundo
em 2009, mas os serviços continuam fora do alcance da
maioria da população, especialmente nos países mais pobres.
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