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Brasil lidera avanço de cultivo transgênico
Plantio de sementes modificadas cresce 35% em 2009 e país se torna 2º maior produtor global, passando a Argentina
Para especialista, cultivo de
transgênicos na Argentina chegou ao seu limite; nos EUA, maior produtor global, aumento foi de 2% em 2009
DA REDAÇÃO
Com a autorização governamental para o plantio de milho
transgênico, o Brasil foi o país
em que mais cresceu a área cultivada de sementes modificadas, fazendo com que ultrapassasse pela primeira vez a Argentina e se tornasse o segundo
maior produtor desse tipo de
semente, ficando atrás apenas
dos Estados Unidos.
No ano passado, os produtores brasileiros aumentaram a
área de cultivo de transgênicos
em 35,4%, acrescentando 5,6
milhões de hectares a um território que agora soma 21,4 milhões de hectares. O avanço do
cultivo no Brasil representou
mais da metade do crescimento
mundial em 2009, que foi de 9
milhões de hectares, ou 7%
mais que no ano anterior, segundo a ISAAA (Serviço Internacional para Aquisição de
Aplicações em Agrobiotecnologia, na sigla em inglês).
Para ter uma ideia do avanço
brasileiro, no levantamento divulgado em 2004 (o primeiro
em que o país aparece), a estimativa era que os produtores
tinham plantado 3 milhões de
hectares de soja transgênica, ou
15% do total da área cultivada
com a leguminosa. Em 2009, a
cultura transgênica alcançava
71% da área cultivada apenas
com soja, representando 21,4
milhões de hectares.
A maior parte do crescimento brasileiro se deve ao avanço
da cultura de milho transgênico. Em 2009, o país plantou 5
milhões de hectares da variedade resistente a insetos, um aumento de cerca de 400% em relação a 2008, quando o Conselho Nacional de Biossegurança
autorizou o plantio e a comercialização de duas variedades
de milho transgênico.
A expansão do milho no país
(que inclui as safras de verão e
inverno) foi a maior registrada
no mundo no ano passado entre as sementes transgênicas.
Para Clive James, presidente
da ISAAA (que é uma ONG de
fomento à divulgação de informações do setor de biotecnologia), ainda há espaço para o aumento do cultivo no país de sementes modificadas de soja e
milho, além do algodão.
"Os países em desenvolvimento continuaram a comandar uma participação crescente
nos plantios mundiais, com o
Brasil exibindo claramente o
seu potencial para se tornar o
futuro motor propulsor de
crescimento na América Latina", disse James na apresentação do relatório ontem.
O cenário brasileiro é, portanto, diferente do argentino,
de quem o país tomou, por 100
mil hectares, o segundo lugar
em área cultivada de transgênicos. De acordo com Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre
Biotecnologia, a produção no
país vizinho chegou a um "platô". "A área já chegou ao seu limite", afirmou. A Argentina
acrescentou 300 mil hectares
em relação a 2008.
Lerayer disse que 100% da
soja plantada na Argentina é
geneticamente modificada, enquanto o milho já alcança 85%,
e o algodão também tem um índice "bem alto".
Nos EUA, que são o líder global de cultivo de transgênicos, a
área plantada com esse tipo de
variedade cresceu cerca de 2%
em 2009.
(ÁLVARO FAGUNDES)
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