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Estratégia será frear
liberação de depósitos
DE BUENOS AIRES
O governo argentino está preocupado com os milhões de pesos
que têm escapado do curralzinho
diariamente e migrado para o dólar. Para solucionar o problema,
prepara uma ofensiva que deve
vir na forma de um decreto de urgência que impeça que as decisões
da Justiça favoráveis aos poupadores se transformem em mais
dinheiro fora dos bancos.
A disparada do dólar na sexta,
quando a moeda dos EUA fechou
com alta de 19,2%, vendida a 3,10
pesos, acendeu a luz vermelha no
governo. O presidente Eduardo
Duhalde mal desembarcou ontem em Buenos Aires, após sua
viagem a Monterrey (México), e
se reuniu com seu gabinete social.
"Está claro que faltam políticas
monetárias para baixar o preço
do dólar. Vamos trabalhar nesse
sentido", disse o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, que
se reuniu com Duhalde ontem para analisar a situação econômica e
possíveis mudanças de rumo
após a demonstração de descontrole sobre o dólar na sexta.
Mais uma vez, o governo correu
para desmentir mudanças no gabinete. Durante a tensa jornada
de sexta, rumores de demissões
de Lenicov e do presidente do
Banco Central, Mario Blejer, tomaram conta do mercado.
Decretar feriado cambial e bancário amanhã, como forma de ganhar tempo para decidir os próximos passos que dará para tentar
sustentar seu plano econômico, é
uma das possibilidades com que
trabalha o governo. "O governo
não tem nada decidido nesse sentido", disse o secretário-geral da
presidência, Aníbal Fernández.
O BC estuda aumentar o custo
dos empréstimos que faz aos bancos e que têm sido utilizados pelas
instituições financeiras para devolverem os depósitos que as decisões judiciais as obrigam.
Segundo a Associação dos Bancos da Argentina, cerca US$ 30
milhões têm escapado do curralzinho (o bloqueio dos depósitos
bancários) por dia devido a decisões da Justiça a favor de poupadores. O governo estima que quase todo o dinheiro que escapa do
curralzinho tem sido canalizado
para a compra de dólares.
Duhalde voltou a falar, em
Monterrey, que não descarta nenhuma possibilidade em termos
de políticas econômicas. O retorno ao câmbio fixo e à conversibilidade está entre elas. Encerrada a
reunião com o gabinete social,
Juan Pablo Cafiero, vice-chefe de
gabinete, informou que o presidente instruiu seus ministros para
que apresentem planos sociais dirigidos aos desempregados. Cafiero afirmou que a disparada do
dólar aconteceu devido a uma
"manobra especulativa".
(FV)
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