São Paulo, domingo, 24 de março de 2002

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Estratégia será frear liberação de depósitos

DE BUENOS AIRES

O governo argentino está preocupado com os milhões de pesos que têm escapado do curralzinho diariamente e migrado para o dólar. Para solucionar o problema, prepara uma ofensiva que deve vir na forma de um decreto de urgência que impeça que as decisões da Justiça favoráveis aos poupadores se transformem em mais dinheiro fora dos bancos.
A disparada do dólar na sexta, quando a moeda dos EUA fechou com alta de 19,2%, vendida a 3,10 pesos, acendeu a luz vermelha no governo. O presidente Eduardo Duhalde mal desembarcou ontem em Buenos Aires, após sua viagem a Monterrey (México), e se reuniu com seu gabinete social.
"Está claro que faltam políticas monetárias para baixar o preço do dólar. Vamos trabalhar nesse sentido", disse o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, que se reuniu com Duhalde ontem para analisar a situação econômica e possíveis mudanças de rumo após a demonstração de descontrole sobre o dólar na sexta.
Mais uma vez, o governo correu para desmentir mudanças no gabinete. Durante a tensa jornada de sexta, rumores de demissões de Lenicov e do presidente do Banco Central, Mario Blejer, tomaram conta do mercado.
Decretar feriado cambial e bancário amanhã, como forma de ganhar tempo para decidir os próximos passos que dará para tentar sustentar seu plano econômico, é uma das possibilidades com que trabalha o governo. "O governo não tem nada decidido nesse sentido", disse o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández.
O BC estuda aumentar o custo dos empréstimos que faz aos bancos e que têm sido utilizados pelas instituições financeiras para devolverem os depósitos que as decisões judiciais as obrigam.
Segundo a Associação dos Bancos da Argentina, cerca US$ 30 milhões têm escapado do curralzinho (o bloqueio dos depósitos bancários) por dia devido a decisões da Justiça a favor de poupadores. O governo estima que quase todo o dinheiro que escapa do curralzinho tem sido canalizado para a compra de dólares.
Duhalde voltou a falar, em Monterrey, que não descarta nenhuma possibilidade em termos de políticas econômicas. O retorno ao câmbio fixo e à conversibilidade está entre elas. Encerrada a reunião com o gabinete social, Juan Pablo Cafiero, vice-chefe de gabinete, informou que o presidente instruiu seus ministros para que apresentem planos sociais dirigidos aos desempregados. Cafiero afirmou que a disparada do dólar aconteceu devido a uma "manobra especulativa". (FV)


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