São Paulo, domingo, 24 de março de 2002

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Ira popular ameaça a segurança dos políticos

DE BUENOS AIRES

DA REPORTAGEM LOCAL

Os políticos têm sido vítimas constantes da ira dos argentinos. Não importa o partido ou se o político já deixou o governo: as agressões verbais, e mesmo físicas, a políticos têm se tornado rotineiras na Argentina.
O último alvo foi o governador de Córdoba, José Manuel de la Sota. Insultado no saguão do aeroporto de sua província por um grupo de universitárias, De la Sota ouviu que "todos os políticos são iguais e têm de responder pelo caos que vive o país."
Episódios mais violentos foram protagonizados pelo ex-ministro da Economia Roberto Alemann e pelo diplomata e escritor, Jorge Asís, que foram agredidos com pontapés e empurrões por argentinos indignados que os encontraram por acaso em locais públicos.
"É preocupante que essas agressões têm sido cada vez mais constantes e têm em comum a espontaneidade. Isso mostra a falta de fortaleza institucional hoje na Argentina. Se a punição tem de ser feita com as próprias mãos é porque não há mais confiança nenhuma na Justiça", afirma o cientista político Hugo Haime.
Nem mesmo os ex-presidentes Raul Alfonsín (1983-1989) e Fernando de la Rúa (1999-2001) escaparam da fúria da população. Alfonsín foi insultado e chegou a trocar sopapos com um manifestante em frente a sua casa. De la Rúa teve de se retirar de um supermercado, sem levar suas compras, após ser atacado por um improvisado panelaço.
Na semana passada, o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, teve de esperar por quase duas horas a polícia retirar um pequeno grupo de manifestantes para que pudesse sair do prédio dos Tribunais. (FV E JAD)


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