São Paulo, domingo, 24 de março de 2002

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Melhora a capacidade de o país pagar dívidas

DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns indicadores de vulnerabilidade externa -o quanto o país está suscetível a crises externas- mostram que o Brasil está com maior capacidade para pagar as suas dívidas neste ano.
Economistas destacam três indicadores importantes.
1) A parcela das exportações que está comprometida com a dívida externa estava em 82,3% em setembro do ano passado, informa o BC. No final de 2000, esse percentual era de 94,6%.
2) A relação entre reservas internacionais e gastos com pagamento da dívida externa, de 0,6, no final de 2000, subiu para 0,8 em setembro de 2001. Isto é, as reservas do país eram suficientes para pagar 80% da dívida externa em setembro do ano passado. Em 2000, elas pagavam 60%.
3) Os gastos com juros e amortizações da dívida ficaram estáveis no período. A parcela das exportações que está comprometida com gastos com juros ficou em 31%. "Quanto mais dinheiro o país tem em caixa para pagar dívidas, melhor", diz Monica Baer, economista da MB Associados.
O Brasil está numa situação mais favorável, diz, porque conseguiu exportar mais mesmo numa época em que a economia internacional estava retraída.
Mostra de que a economia brasileira está numa posição mais confortável, segundo os economistas, é também o indicador do risco-país, que, apesar de alto, está em queda. Na escala de risco, o Brasil está na faixa de 700 pontos, cem pontos acima da média do risco dos países emergentes.
Em novembro de 2001, o Brasil chegou a estar na faixa acima de mil pontos. Quanto maiores os pontos, maior risco o país oferece ou maior é a taxa de juros que tem de pagar pelos empréstimos.
"O risco-Brasil melhorou porque a balança comercial passou a registrar superávit em razão do câmbio desvalorizado e pelo fato de a economia ter crescido pouco e por isso não ter pressionado as importações", diz Maria Cristina Pinotti, economista da AC Pastore & Associados.
Os economistas prevêem um crescimento de 2,3% a 2,8% do PIB brasileiro neste ano -uma taxa que não permite desequilíbrios na balança comercial. O grande teste do país, dizem, será quando a economia crescer entre 3,5% e 4% ao ano e, ainda assim, apresentar superávit comercial.
Para Renê Garcia, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, 2002 será bom para o país. Mas, se a economia mundial não se recuperar, o país poderá ser prejudicado quando buscar financiamentos. (FF)


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