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AGENDA PETISTA
Objetivo é reduzir poder, mas indefinição já adiou duas reuniões ministeriais que tratariam do tema
Governo não sabe como "regular" as agências
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em público, o governo ataca as
agências reguladoras criadas sob
Fernando Henrique Cardoso para
fiscalizar o funcionamento das
companhias que arremataram
em leilão as antigas estatais. Na
prática, Brasília ainda não sabe o
que fazer para atenuar o poder
das agências. Nos últimos 15 dias
foram canceladas duas reuniões
que tratariam do tema.
Questionados formalmente pela Folha, os ministérios de Minas
e Energia e das Comunicações
não exibiram sugestões de mudanças. Tampouco souberam informar em quê, afinal, as agências
estariam extrapolando suas atribuições legais.
Os dois ministérios travam nos
bastidores uma disputa de poder
com a ANP, agência que trata de
petróleo, a Aneel, responsável pela energia elétrica, e a Anatel, incumbida das telecomunicações.
Até o momento, a ação do governo para podar as atribuições
das agências se limitou à emissão
de frases soltas, ditas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
por alguns ministros.
As afirmações ora não correspondem à
realidade (caso dos aumentos dos
combustíveis, da energia elétrica e
das telecomunicações), ora entram em conflito com a lei (caso
dos novos contratos das operadoras de telefonia).
Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o governo está "atirando primeiro e perguntando depois". Na avaliação dele,
se o governo quiser tomar conta
dos reajustes tarifários, terá dificuldades para atrair investidores.
"Não adianta o governo dizer "eu
tenho a força" se não tiver investimentos", disse.
Ele avalia que é preciso um
"agente neutro" para definir tarifas sem interferência política. Algo essencial, diz, para proporcionar segurança ao investidor. "É
preciso ter cuidado na hora de
chutar o balde", ironiza.
O deputado Alberto Goldman
(PSDB-SP), que participou da tramitação dos projetos de lei que
criaram as agências (como relator
e presidente de comissões nas
quais as propostas tramitaram),
avalia que, se as agências estivessem ultrapassando suas atribuições legais, o governo poderia interpelá-las na Justiça. Mas isso, segundo o deputado, não está acontecendo.
O deputado Walter Pinheiro
(PT-BA), integrante da comissão
que analisa o assunto na Casa Civil, informou que já apresentou
sua proposta, mas que só dará detalhes quando o assunto for melhor discutido no grupo de trabalho. Segundo ele, provavelmente
será necessário um projeto de lei
para modificar as relações entre
governo e agências.
Apesar de existirem nove agências reguladoras no governo federal, apenas três chamam a atenção
do novo governo na disputa pelo
poder: Anatel, Aneel e ANP.
Isso acontece porque os setores
com os quais essas agências lidam
estão diretamente ligados a preços com alto impacto inflacionário ou decisões importantes para
a economia do país.
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