São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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TRABALHO

Taxa avança de 9,2% para 10,1% em fevereiro; oferta de vagas no mercado não dá conta da demanda, diz IBGE

Desemprego sobe, mas renda volta a R$ 1.000

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país subiu em fevereiro para 10,1%, alta de 0,9 ponto percentual ante janeiro (9,2%), informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar do aumento, a taxa é a menor para um mês de fevereiro da nova série da nova PME (Pesquisa Mensal de Emprego).
Já o rendimento cresceu 1,1% de janeiro para fevereiro, para R$ 999,80. É a primeira vez que se aproxima da média de R$ 1.000, marca não alcançada desde fevereiro de 2003.
Depois de oito meses num patamar menor do que 10% (chegou a 8,3% em dezembro), a taxa de desemprego subiu em razão da maior procura por trabalho, sem a contrapartida do crescimento do número de postos de trabalho, segundo o IBGE.
Em fevereiro, o número de pessoas ocupadas teve redução de 0,4%, o que corresponde a uma redução de 85 mil vagas -número considerado estatisticamente estável pelo IBGE. Já a população desocupada nas seis áreas (São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador) cresceu num ritmo forte: 9,5% ou 194 mil pessoas a mais procurando trabalho, o que pressionou a taxa de desemprego para cima.
Em fevereiro, os empregados nessas regiões eram 19,922 milhões de pessoas. Estavam desempregados, por sua vez, 2,232 milhões de pessoas. Esses dois contingentes somam a força de trabalho, a chamada PEA (População Economicamente Ativa).

Alerta vermelho
Na avaliação de Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, os dados de fevereiro "acenderam um alerta", embora ainda não se possa falar em "deterioração do mercado.
A expectativa, diz Azeredo, é que o desemprego subirá ainda mais em março, a julgar o comportamento histórico do mercado, que sempre gera poucos empregos nos três primeiros meses do ano, período no qual cresce a procura por trabalho.
"O mercado de trabalho continua estagnado desde o segundo semestre do ano passado, com pequeno crescimento de novos postos de trabalho", disse Azeredo. Em meses nos quais houve queda do desemprego, como dezembro de 2005, o motivo foi a menor procura por trabalho, e não uma forte geração de vagas.
Para Fábio Romão, da LCA, a alta da taxa de desemprego já era esperada, embora não na intensidade com que subiu em fevereiro. Marcelo de Ávila, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), também diz que a taxa de desemprego "subiu mais do que o esperado" em razão da dispensa de trabalhadores temporários e do ingresso de mais pessoas no mercado de trabalho.
Apesar do decréscimo de postos de trabalho de janeiro para fevereiro, Romão diz que o resultado não é de todo ruim. É que, diz, o emprego ainda aumenta se comparado com o mesmo mês de 2005 -2,5%, ou 491 mil pessoas ocupadas a mais- e que há uma crescente formalização.
As contratações com carteira cresceram 0,3% (22 mil pessoas) de janeiro para fevereiro. Na comparação com fevereiro de 2005, a alta foi de 5,1% -acréscimo de 398 mil pessoas ocupadas com carteira. Já o emprego sem carteira cedeu -3,4% (-104 mil) na comparação com janeiro e 3,6% (-109 mil) em relação a fevereiro de 2005. O contingente de trabalhadores conta própria, informais em sua maioria, subiu 1% (39 mil) ante janeiro e 0,6% (23 mil) em relação a fevereiro de 2005.


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