São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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TECNOLOGIA

Costa diz que irá ao país com Palocci e Dilma para tentar trazer planta de semicondutores, mas que TV digital independe disso

Ministros vão ao Japão atrás de fábrica

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministros envolvidos na definição do padrão de TV digital que será usado no Brasil farão uma viagem ao Japão e à Coréia do Sul para tentar garantir a instalação de uma fábrica para produção de semicondutores no país.
"Estamos programando uma visita ao Japão e, em seguida, à Coréia [do Sul], não necessariamente para a decisão em si do padrão da TV digital, que eu já entendo estar muito bem encaminhada, mas para garantir os entendimentos industriais, em duas áreas específicas: semicondutores e LCD [monitores de cristal líquido]", afirmou o ministro Hélio Costa (Comunicações).
O Brasil deve escolher entre os padrões (sistemas de transmissão) japonês (ISDB), europeu (DVB) ou americano (ATSC). A Folha publicou no último dia 8 que o governo já decidiu pelo padrão japonês, preferido das emissoras de televisão. Pesou na escolha a importância política do apoio das TVs em ano eleitoral e a promessa de instalação de uma fábrica de semicondutores japonesa no país.
Costa disse que farão parte da comitiva do governo brasileiro, além dele, os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Eles terão contato com funcionários dos governos dos países visitados e das indústrias e provavelmente com representantes da coreana Samsung e das japonesas Panasonic, NEC, Toshiba e Sony.
"Recebi na semana passada documento muito importante do governo do Japão no qual o governo japonês se compromete em fazer a ligação entre o interesse brasileiro de ter a fábrica de semicondutores e as empresas japonesas", disse Costa.
Questionado sobre se não estaria havendo atraso na decisão, ele afirmou que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem pediu mais tempo. "O presidente pediu que nós estendêssemos um pouquinho mais essa discussão para mostrar para o Brasil inteiro que não é apenas uma decisão técnica. O presidente agora está em condições de decidir", afirmou.

Estudo
Ainda de acordo com ele, não há necessidade de o governo brasileiro aguardar a conclusão dos estudos de viabilidade prometidos por representantes dos padrões japonês e europeu para anunciar a decisão sobre qual padrão adotar.
"O governo não precisa esperar, porque existe um estudo do BNDES muito bem feito, e qualquer discussão sobre fábrica de semicondutores tem que passar por esse estudo, que indica os caminhos que devem ser adotados no Brasil", disse Costa. Representantes dos padrões japonês e europeu têm dito que esses estudos de viabilidade demorariam pelo menos seis meses.
Segundo ele, o estudo indica que, no Brasil, deverá ser instalado um modelo mais simples de fábrica de semicondutores. Essa fábrica faria o que se chama "chips dedicados" (circuitos integrados feitos para executar uma tarefa específica, como receber o sinal de transmissão da TV digital) -o que exigiria investimentos próximos de US$ 500 milhões, e não os US$ 2 bilhões previstos para uma fábrica mais sofisticada, que produzisse chips de memória, por exemplo.

Resposta
Costa respondeu ontem às declarações do comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, de que o Brasil ficaria isolado caso adotasse o padrão japonês de TV digital. "Isso é uma balela. Isso é um blefe. Isso é abusar da inteligência dos brasileiros. Eles é que vão acabar ficando isolados, porque estão vendendo um sistema [DVB] que não funciona nem para eles. Vieram fazer um teste em São Paulo e nem funcionou", afirmou o ministro.


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