São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Venda de imóveis novos em São Paulo cai 20% em janeiro

O mercado imobiliário sentiu com força a crise econômica tanto do lado da oferta quanto da demanda. O número de unidades novas vendidas em São Paulo caiu 20% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2008 -para 1.113 imóveis residenciais. Já o volume de lançamentos no período foi de 382 unidades, uma retração de 46,6% sobre o ano passado.
Os dados são da Pesquisa sobre o Mercado Imobiliário, desenvolvida mensalmente pelo Secovi-SP (sindicato de habitação), que será divulgada hoje.
Mesmo com a venda mensal superior ao volume lançado, o estoque acumulado de imóveis novos disponíveis fez com que o indicador de vendas sobre oferta caísse para 5,5%. Isso significa que, a cada 1.000 unidades oferecidas em janeiro, apenas 55 foram vendidas.
Essa retração é um ajuste no mercado imobiliário impulsionado pela crise, afirma o presidente do Secovi-SP, João Crestana. Para ele, o ritmo de crescimento do setor em 2007 e 2008 foi exagerado e a freada na economia fez o setor se reajustar a um novo patamar.
"O mercado imobiliário vinha com crescimento sustentável de 2001 a 2006, e, nos dois últimos anos, isso mudou. O ciclo de crescimento vai continuar neste ano, mas com o ano de 2006 como referência. Teremos uma queda em comparação com 2007 e 2008."
Segundo Crestana, os dados de fevereiro, ainda não consolidados, também deverão ser negativos. A expectativa dele é que, em março, as vendas comecem a se recuperar. "O mercado freou com a crise. Mas agora encontrou um meio caminho e vai retomar os lançamentos, em um ritmo menor."
Além da mudança em volume, o perfil dos lançamentos também deve pender para residências de menor valor neste ano, diz. Segundo Crestana, uma tendência que já vem acontecendo é a criação de unidades focadas nas classes mais baixas por empresas que atuam no mercado de alto padrão.
O pacote habitacional do governo, que está prestes a ser anunciado, deve acelerar esse processo. Crestana, no entanto, afirma que é fundamental que as isenções de impostos sejam feitas de forma igual para todas as empresas do setor para evitar a concorrência desleal. "Rejeitaremos medidas do governo de ajuda direta a empresas previamente selecionadas."

EM CASA

Michael Good, presidente mundial da Sotheby's, está no Brasil pela primeira vez. Veio assinar uma parceria com o Santander para viabilizar o financiamento de imóveis de alto padrão. A prática já é comum nos Estados Unidos e na Europa. Para Good, o Brasil, ao lado do Canadá e dos EUA, está entre os mais importantes da América. Na crise, o financiamento é visto pelo Santander como oportunidade, mesmo entre consumidores de alto padrão. Hoje, Good participa do lançamento do maior apartamento do Brasil, da construtora Lindenberg, negociado pela Sotheby's, no Morumbi, em SP.

NO TANQUE
A Unilever está de olho no consumo da classe baixa. Com investimento de R$ 14 milhões, a empresa lança dois produtos, das marcas Omo e Comfort, específicos para quem usa o tanquinho para lavar roupa. O eletrodoméstico tem presença forte nas classes C, D e E, que representam juntas 81% dos usuários de tanquinho no Brasil.

BULA
A farmacêutica Wyeth coloca no mercado um novo antidepressivo, que deve representar 10% no faturamento de 2009 da linha de saúde mental da companhia.


O escritório Barbosa, Müssnich & Aragão encerrou sua parceria com a Affinitas, aliança ibero-americana de advogados, liderada pelo escritório espanhol Garrigues.

EM OBRAS

A reconstrução do World Trade Center, no local que ficou conhecido como "ground zero" após o 11 de Setembro, em Nova York, já enfrenta problemas financeiros. O responsável pela parte privada do empreendimento, Larry Silverstein, está pedindo ajuda ao governo, segundo o "Wall Street Journal". A autoridade responsável já considera ajudar pelo menos uma das três torres do projeto.

NO PRÓPRIO BOLSO
As perdas da Toyota em Bolsa não representam só um desafio profissional para Akio Toyoda, presidente da montadora fundada pela sua família. Ele e seu pai, Shoichiro Toyoda, são os maiores acionistas privados da companhia. Juntos, já perderam US$ 429 milhões com a desvalorização dos papéis da empresa na crise. Também sentirão no próprio bolso a provável distribuição menor de dividendos neste ano.

BEIJO NO ASFALTO
O asfalto produzido por refinarias em São Paulo e no resto do país são menos adequados que o asfalto do Rio, segundo Manuel Rossitto, diretor do Sinicesp, que está pedindo soluções à Petrobras, a fabricante. Sinicesp e Fiesp debaterão juntos o tema, dia 30, em São Paulo. Dilma Rousseff foi convidada. A burocracia que envolve TCU, ANP e Dnit também será discutida no encontro.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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