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Dólar provoca queda de 83% no lucro da Perdigão
Dívida sofre impacto do câmbio;
faturamento aumenta 70%
DA REPORTAGEM LOCAL
A Perdigão anunciou ontem
que seu faturamento bruto em
2008 alcançou R$ 13,2 bilhões,
crescimento de 70% sobre o
ano anterior. Mesmo com esse
incremento, o lucro líquido da
fabricante de alimentos caiu
83%, de R$ 321 milhões, em
2007, para R$ 54 milhões, no
ano passado.
Os principais motivos para a
queda foram o impacto da valorização do dólar sobre a dívida
da Perdigão e a amortização de
ágios de diversas compras, entre elas a da Eleva. Segundo
Leopoldo Saboya, diretor financeiro da Perdigão, apesar de
afetar o resultado líquido, o impacto das despesas financeiras
não prejudica as operações da
empresa.
"Foi o melhor quarto trimestre de nossa história e um ano
de consolidação como líder do
setor de alimentos", afirma José Antonio do Prado Fay, presidente da Perdigão. "Poucas empresas do mundo deram resultados positivos e tivemos a flexibilidade para nos readaptar
num cenário adverso."
A fabricante de alimentos
procurou, por exemplo, aumentar margens no último trimestre do ano, em vez de priorizar volumes. Num dos casos
citados, enquanto as vendas de
produtos à base de carne no
mercado interno aumentaram
6% no quarto trimestre, a receita com eles cresceu 24%.
Com relação ao mercado externo, Fay diz que as exportações da Perdigão foram beneficiadas no último trimestre pela
alta de 27% do dólar em relação
ao mesmo período de 2007. Os
preços no mercado externo
também estavam 6% maiores
do que os do ano anterior.
A empresa, no entanto, sofreu com a queda na margem de
lucro operacional, que passou
de 12,1%, em 2007, para 10,2%,
no ano passado. A explicação
foi a atuação mais forte na área
de lácteos, após a compra da
Eleva, que tradicionalmente
tem margens menores.
Mesmo assim, a Perdigão
terminou o ano com R$ 2 bilhões em caixa. O valor é superior à dívida de curto prazo da
empresa, de R$ 1,650 bilhão.
Sadia
Fay recusou-se a comentar a
hipótese de compra ou associação com a concorrente Sadia.
De acordo com ele, houve negociações no início do ano, que
não avançaram. Fay diz também desconhecer pressão de
acionistas, como os fundos de
pensão Previ e Petros, ou do governo para que a negociação seja concretizada.
"O ano está muito incerto e
complicado para que seja tomada qualquer decisão desse
porte", afirma Fay. (CRISTIANE BARBIERI)
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