São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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Dólar provoca queda de 83% no lucro da Perdigão

Dívida sofre impacto do câmbio; faturamento aumenta 70%

DA REPORTAGEM LOCAL

A Perdigão anunciou ontem que seu faturamento bruto em 2008 alcançou R$ 13,2 bilhões, crescimento de 70% sobre o ano anterior. Mesmo com esse incremento, o lucro líquido da fabricante de alimentos caiu 83%, de R$ 321 milhões, em 2007, para R$ 54 milhões, no ano passado.
Os principais motivos para a queda foram o impacto da valorização do dólar sobre a dívida da Perdigão e a amortização de ágios de diversas compras, entre elas a da Eleva. Segundo Leopoldo Saboya, diretor financeiro da Perdigão, apesar de afetar o resultado líquido, o impacto das despesas financeiras não prejudica as operações da empresa.
"Foi o melhor quarto trimestre de nossa história e um ano de consolidação como líder do setor de alimentos", afirma José Antonio do Prado Fay, presidente da Perdigão. "Poucas empresas do mundo deram resultados positivos e tivemos a flexibilidade para nos readaptar num cenário adverso."
A fabricante de alimentos procurou, por exemplo, aumentar margens no último trimestre do ano, em vez de priorizar volumes. Num dos casos citados, enquanto as vendas de produtos à base de carne no mercado interno aumentaram 6% no quarto trimestre, a receita com eles cresceu 24%.
Com relação ao mercado externo, Fay diz que as exportações da Perdigão foram beneficiadas no último trimestre pela alta de 27% do dólar em relação ao mesmo período de 2007. Os preços no mercado externo também estavam 6% maiores do que os do ano anterior.
A empresa, no entanto, sofreu com a queda na margem de lucro operacional, que passou de 12,1%, em 2007, para 10,2%, no ano passado. A explicação foi a atuação mais forte na área de lácteos, após a compra da Eleva, que tradicionalmente tem margens menores.
Mesmo assim, a Perdigão terminou o ano com R$ 2 bilhões em caixa. O valor é superior à dívida de curto prazo da empresa, de R$ 1,650 bilhão.

Sadia
Fay recusou-se a comentar a hipótese de compra ou associação com a concorrente Sadia. De acordo com ele, houve negociações no início do ano, que não avançaram. Fay diz também desconhecer pressão de acionistas, como os fundos de pensão Previ e Petros, ou do governo para que a negociação seja concretizada.
"O ano está muito incerto e complicado para que seja tomada qualquer decisão desse porte", afirma Fay.
(CRISTIANE BARBIERI)


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