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MERCADO FINANCEIRO
Problemas nas redes de varejo de Ricardo Mansur provocaram onda de saques no Crefisul, segundo o BC
Banco de Mappin e Mesbla é liquidado
da Sucursal de Brasília
As dificuldades enfrentadas pelas lojas Mesbla e Mappin causaram ontem a liquidação do braço
financeiro do grupo do empresário Ricardo Mansur, o Crefisul.
Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Luiz Carlos
Alvarez, as notícias sobre problemas nas redes varejistas desencadearam, a partir de janeiro, uma
onda de saques de recursos depositados no banco, que tinha basicamente grandes clientes.
"São investidores mais ariscos,
que são muito rápidos no gatilho",
disse o diretor do Banco Central. O
Crefisul tinha 13 agências e apenas
R$ 6 milhões em depósitos à vista.
O BC decretou intervenção porque anteontem o banco ficou devedor em R$ 10 milhões na conta de
reservas bancárias, uma espécie de
conta corrente que os bancos são
obrigados a manter no BC.
Havia também "grave comprometimento patrimonial" -o que
significa que, aparentemente, os
créditos que o Crefisul tem a receber não cobrem seus compromissos, como depósitos de clientes e
dívidas com o BC.
Procurado pela Folha, Ricardo
Mansur não se pronunciou. Ele divulgou comunicado dizendo ter sido surpreendido pela decisão.
Atribuiu as dificuldades das instituições à conjuntura econômica e
à "irresponsável e maldosa onda
de boatos" que atingiu as empresas não-financeiras do grupo.
Alvarez disse que ainda é cedo
para afirmar que o Crefisul dará
prejuízos ao governo. Mas, de antemão, sabe-se que o BC é um dos
principais credores do banco.
O balancete de janeiro indica dívida de R$ 120 milhões com o BC.
Desse total, cerca de R$ 20 milhões
são originários de empréstimos de
socorro que a instituição vinha
concedendo ao Crefisul.
Outros R$ 90 milhões se referem
a empréstimo do Proer (programa
de socorro aos bancos) concedido
em 1996 na incorporação do banco
Antônio de Queiroz pelo Crefisul,
então denominado Banco United.
Socorro oficial
Ao entrar no vermelho anteontem, o Crefisul voltou a pedir empréstimo de socorro ao BC, que o
negou por considerar insuficientes
as garantias apresentadas.
Com a liquidação, um interventor nomeado pelo BC vai começar
um trabalho de venda e cobrança
de créditos e bens para cobrir os
compromissos do Crefisul.
Análise preliminar, entretanto,
já apontou alto índice de inadimplência. "Há riscos potenciais de
perdas nos ativos", disse Alvarez.
O diretor do BC informou que a
liquidação do Crefisul não implicará nenhuma restrição à operação da Mesbla e do Mappin, embora tenha sido decretada a indisponibilidade de bens de Mansur,
controlador das três empresas.
A quebra do Banco Crefisul coloca sob risco o dinheiro investido
por cerca de 20 mil associados do
Consórcio M, o antigo Consórcio
Mesbla, que também foi liquidado
ontem. Boa parte dos recursos do
consórcio estava no Crefisul.
Com a liquidação, o consórcio
deverá se habilitar como qualquer
outro credor e entrar na fila para
receber de volta seus depósitos.
O seguro-depósito cobre apenas
os depósitos à vista e a prazo, como
CDBs (Certificados de Depósito
Bancário), até R$ 20 mil.
Teoricamente, como um depositante comum, o Consórcio M teria
direito a receber de volta apenas
R$ 20 mil. Para reaver o resto, depende da venda e cobrança de bens
e créditos do Crefisul.
Alvarez disse que o dono do Crefisul manifestou interesse em discutir formas de cobrir perdas dos
clientes.
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