São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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TRABALHO
Havia 1,615 milhão de pessoas sem emprego em fevereiro, o maior índice alcançado nesse mês, segundo o Dieese
Desemprego registra novo recorde em SP

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

O desemprego voltou a registrar recorde em São Paulo. Segundo a pesquisa do Seade/Dieese, a taxa saltou de 17,8% da População Economicamente Ativa (PEA) em janeiro para 18,7% em fevereiro.
É o maior índice registrado para os meses de fevereiro desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1985. A taxa corresponde ao total de 1,615 milhão de desempregados na região metropolitana de São Paulo (1,539 milhão em janeiro).
"A taxa normalmente cresce em fevereiro, mas desta vez o aumento foi ainda maior devido à recessão econômica", diz Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese.
O aumento do desemprego se deve ao fechamento de 84 mil postos de trabalho. Foram extintas vagas em quase todos os setores, com exceção dos serviços domésticos.
Segundo Pedro Paulo Martoni Branco, do Seade, o desemprego só não está numa trajetória ainda mais explosiva porque muita gente está mudando seus planos.
"Como está difícil conseguir emprego, as mulheres e os jovens, em especial, adiam sua tentativa de entrar no mercado", diz Martoni.
Mesmo assim, a perspectiva é que a taxa cresça nos próximos meses. Como ainda não há sinal de recuperação econômica, devem ser fechadas mais vagas.
Outro motivo para o aumento do índice é técnico. A taxa do Seade/ Dieese é uma média dos dados dos três últimos meses e, por isso, ainda não captou todo o impacto da crise da desvalorização do real, em meados de janeiro.
"A taxa deve subir nos próximos três meses devido à recessão, mas não sabemos o quanto o aumento das exportações pode amenizar o problema", diz Mendonça.
Segundo o índice de fevereiro, foram fechadas vagas na indústria (45 mil), comércio (15 mil) e no setor de serviços (29 mil). Só apareceram mais oportunidades nos serviços domésticos (5.000).
Houve maior aumento do desemprego entre as mulheres (6,5%), entre os jovens de 18 a 24 anos (9,8%) e entre as pessoas sem experiência profissional (9,1%).



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