São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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MERCADO ABERTO

Câmbio afeta vendas de caminhão da VW

Depois de crescer a taxas de 40% ao ano desde 2002, as exportações de caminhões e ônibus da Volkswagen ficarão estagnadas neste ano. A perspectiva é que a Volks exporte em 2006 os mesmos 8.500 caminhões e ônibus do ano anterior. A exemplo do que ocorre em outros setores, a razão da freada é a excessiva valorização do câmbio.
A afirmação é de Roberto Cortes, presidente da Volks Caminhões e Ônibus, que levou o problema ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, em café da manhã em Comandatuba, no Fórum Empresarial. O mais frustrante, afirma, é que o Brasil poderia estar exportando 12 mil caminhões e ônibus, e a fábrica da montadora em Resende, trabalhando em três turnos -hoje ela opera em dois turnos.
De acordo com Cortes, em razão da valorização do câmbio, o Brasil perde competitividade na exportação para outros países, como Coréia do Sul e China. No caso da empresa, o problema ainda é maior porque ela não importa nenhuma das peças que usa para a montagem do veículo.
Quando a Volks decidiu, em 2002, apostar na internacionalização, Cortes diz que o câmbio estava a R$ 2,70 e a perspectiva era chegar a R$ 3,00 no fim de 2003, mas nunca, segundo ele, se poderia imaginar que o dólar estaria hoje a R$ 2,11. Para não vender caminhões com prejuízo, a empresa elevou em 30% o preço dos produtos exportados, o que a faz perder competitividade em relação a concorrentes. A Volks caminhões e ônibus exporta cerca de 25% da produção.
No encontro com Furlan, Cortes pediu ao menos que o governo estude criar um plano de incentivo à renovação da frota de caminhões e ônibus, para compensar a perda de crescimento nas exportações com o aumento na procura do mercado interno.
Segundo ele, a média de idade de um caminhão no Brasil é de 17 anos, enquanto, nos países europeus, por exemplo, é de sete anos, o que mostra o grau de obsolescência. "O plano não só aqueceria o setor como ajudaria a melhorar os níveis de poluição."

ANÁLISE

Petróleo afeta inflação projetada

A deterioração do cenário para o preço do petróleo em 2006, tanto pelas expectativas melhores de expansão mundial quanto por temores de uma intervenção militar dos EUA no Irã, pode afetar a oferta da commodity de forma significativa e atingir os preços no Brasil, avalia Marcela Prada, da Tendências Consultoria.
Diante desse cenário, a consultoria passou a considerar uma alta maior nas cotações do álcool e da gasolina no mercado internacional na média de 2006, o que, se concretizado, elevaria a defasagem do preço da gasolina no país de estimados 5% hoje para 15% no segundo semestre. Tal situação elevaria a chance de um reajuste do combustível neste ano, diz Prada, e levou a consultoria a elevar de 4,1% para 4,3% a projeção para o IPCA de 2006.

ASSISTÊNCIA DIVERSIFICADA
Gigante mundial em assistência 24 h, a Mondial Assistance tem crescido no Brasil a uma taxa média superior a 40% desde 2002 e planeja diversificar os produtos oferecidos para manter o ritmo. A empresa, que faturou R$ 172 milhões em 2005, aposta nos ramos residencial e de assistência a pessoas e irá investir, por exemplo, em seguros para viajantes. "No Brasil, menos de 10% de quem viaja tem seguro, enquanto, em outros países, a penetração chega a 70%", diz Dan Assouline, presidente do grupo francês no país. Esse serviço será trabalhado, segundo ele, por meio de contatos com operadoras de viagem e companhias aéreas. A despeito da investida em outros segmentos, ele diz que, nos próximos anos, o mercado automotivo continuará a guiar o crescimento do setor. Segundo ele, embora a fatia desse ramo tenha caído de mais 90% para cerca de 78% do mercado nos últimos cinco anos, ainda está distante do equilíbrio de Europa e EUA.

OLHO NO FUTURO
Presidente do setor de transporte da Alstom no mundo, Philippe Mellier virá ao Brasil em maio com o objetivo de conhecer 80 futuras lideranças da empresa no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai. O segmento representa 27% do faturamento da empresa no país, que gira em torno de R$ 1,07 bilhão.

GASTOS EM DEBATE
O GVlaw (programa da Escola de Direito da FGV-SP) e o Núcleo de Estudos Tributários irão realizar uma série de debates sobre gastos públicos e tributação, para analisar os efeitos das políticas públicas sobre a sociedade. O primeiro encontro, na quarta, em SP, contará com o economista Yoshiaki Nakano, da própria FGV e tido como um dos mentores do projeto econômico do candidato Geraldo Alckmin.

CAMPO ANIMADO
Ronaldinho Gaúcho, o ídolo corintiano Carlitos Tevez e o mexicano Borgetti foram "convocados" para divulgar a oitava edição da Copa Toon, o torneio de futebol virtual do canal de desenhos animados Cartoon Network. Devidamente pagos, eles estarão em vinhetas que serão veiculadas na programação do canal durante a competição, que começa hoje e dura cinco semanas, e serão entrevistados por Brak, personagem do desenho Space Ghost. A exemplo do que ocorre com a Copa do Mundo, não falta apoio para o certame. Sete empresas, de rede varejista e cadeia de fast food a uma marca de cereais e fabricante de calçados infantis, entraram como patrocinadores master do evento.

NICHO CRESCENTE
O segmento de viagens de formatura continua em expansão. Uma das líderes do mercado, a Forma Turismo cresceu 357% em quatro anos e atingiu a marca de 25 mil estudantes embarcados no ano passado. A expectativa é superar 30 mil em 2006 com a criação de produtos. O faturamento também tem crescido e acaba de atingir R$ 30 milhões.

FLUXO CRESCENTE
As exportações brasileiras aos países árabes renderam US$ 1,264 bilhão no primeiro trimestre, aumento superior a 30% ante o mesmo período de 2005. Já as importações foram de US$ 1,228 bilhão, alta de cerca de 40% na mesma comparação. O principal mercado em março foi a Arábia Saudita, cujas importações somaram US$ 125,7 milhões.

CRÉDITO DE CARBONO
Uma das idealizadoras do mercado global de créditos de carbono, Graciela Chichilnisky, da Unesco, participa na quarta, no Rio, de conferência sobre finanças. Para ela, os países da América Latina podem lucrar com a venda de títulos aos principais poluidores (países desenvolvidos), além de atrair investimentos para tecnologias limpas.

SEGURO EM ALTA
A companhia de seguros Aliança do Brasil, coligada ao Banco do Brasil, vendeu 63,2 mil apólices residenciais (seguro ouro) no primeiro trimestre, uma expansão de 26,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Uma das razões para a procura maior tem sido a estratégia de promover esse produto por meio de promoções de venda.


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