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INDÚSTRIA
Real valorizado eleva importações de bens de capital, que crescem 26% no bimestre ante mesmo período de 2005
Câmbio favorece investimentos no parque industrial
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investimentos na aquisição
de máquinas e equipamentos para o parque industrial brasileiro
estão em expansão graças à elevação das importações.
Para medir esse comportamento da indústria, é utilizado um cálculo que soma a produção interna
de bens de capital com as importações do setor -e os valores relativos às exportações são excluídos. Essa fórmula demonstra a fatia da produção e da importação
que é incorporada ao maquinário
das empresas no país. Esse indicador é conhecido como absorção
interna.
Segundo a consultoria MB Associados, entre fevereiro de 2005 e
janeiro deste ano, esse indicador
subiu 5,6%. No acumulado de 12
meses até dezembro de 2005, essa
alta havia sido de 4,4%.
"Esse é um bom resultado e significa uma melhora dos níveis dos
investimentos, mas isso tem sido
possível por causa da alta importação", afirmou Sergio Vale, economista da consultoria.
O vigor das importações é conseqüência direta da valorização
do real. Em alguns casos, o maquinário está até 20% mais barato
em relação a níveis do ano passado. Isso proporciona à indústria
fazer investimentos com custo
mais baixo. "A importação de
bens de capital neste bimestre está
crescendo 26% em relação a igual
período do ano passado. Isso
mostra alguma trajetória de crescimento da economia. Um crescimento modesto, mas ainda assim
crescimento", disse Júlio Gomes
de Almeida, diretor-executivo do
IEDI (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
O revés dessa situação é que, em
alguns casos, essa compra é feita
em detrimento das máquinas
produzidas no Brasil. Segundo
Vale, setores como o de maquinário têxtil e o de mobiliário, que
têm um histórico de produção
nacional, têm assistido a uma
grande incorporação de bens produzidos no exterior.
"Made in China"
O presidente da Abimaq (associação da indústria de máquinas e
equipamentos), Newton de Mello, argumenta que a importação
de bens de capital está concentrada em maquinário de baixa tecnologia, sobretudo de origem chinesa. Entre os exemplos estão máquinas injetoras de plástico e também para algumas atividades de
siderurgia.
"O baixíssimo preço das máquinas chinesas e a valorização cambial estão causando uma verdadeira invasão no país", afirmou
Mello.
Dados da entidade mostram
que, no primeiro bimestre deste
ano contra o mesmo período de
2005, a remessa de máquinas chinesas para o Brasil cresceu 121%,
chegando a US$ 63,8 milhões.
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