São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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INDÚSTRIA

Real valorizado eleva importações de bens de capital, que crescem 26% no bimestre ante mesmo período de 2005

Câmbio favorece investimentos no parque industrial

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos para o parque industrial brasileiro estão em expansão graças à elevação das importações.
Para medir esse comportamento da indústria, é utilizado um cálculo que soma a produção interna de bens de capital com as importações do setor -e os valores relativos às exportações são excluídos. Essa fórmula demonstra a fatia da produção e da importação que é incorporada ao maquinário das empresas no país. Esse indicador é conhecido como absorção interna.
Segundo a consultoria MB Associados, entre fevereiro de 2005 e janeiro deste ano, esse indicador subiu 5,6%. No acumulado de 12 meses até dezembro de 2005, essa alta havia sido de 4,4%.
"Esse é um bom resultado e significa uma melhora dos níveis dos investimentos, mas isso tem sido possível por causa da alta importação", afirmou Sergio Vale, economista da consultoria.
O vigor das importações é conseqüência direta da valorização do real. Em alguns casos, o maquinário está até 20% mais barato em relação a níveis do ano passado. Isso proporciona à indústria fazer investimentos com custo mais baixo. "A importação de bens de capital neste bimestre está crescendo 26% em relação a igual período do ano passado. Isso mostra alguma trajetória de crescimento da economia. Um crescimento modesto, mas ainda assim crescimento", disse Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
O revés dessa situação é que, em alguns casos, essa compra é feita em detrimento das máquinas produzidas no Brasil. Segundo Vale, setores como o de maquinário têxtil e o de mobiliário, que têm um histórico de produção nacional, têm assistido a uma grande incorporação de bens produzidos no exterior.

"Made in China"
O presidente da Abimaq (associação da indústria de máquinas e equipamentos), Newton de Mello, argumenta que a importação de bens de capital está concentrada em maquinário de baixa tecnologia, sobretudo de origem chinesa. Entre os exemplos estão máquinas injetoras de plástico e também para algumas atividades de siderurgia.
"O baixíssimo preço das máquinas chinesas e a valorização cambial estão causando uma verdadeira invasão no país", afirmou Mello.
Dados da entidade mostram que, no primeiro bimestre deste ano contra o mesmo período de 2005, a remessa de máquinas chinesas para o Brasil cresceu 121%, chegando a US$ 63,8 milhões.


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