São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2006

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COMPASSO DE ESPERA

Investidor quer saber qual é a velocidade que o Copom imprimirá ao corte da Selic; ata sai na quinta

Mercado aguarda sinalização de queda de juro

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Investidores aguardam ansiosos pela divulgação, prevista para a próxima quinta-feira, da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A expectativa é que o Banco Central sinalize que velocidade imprimirá ao processo de corte da taxa básica de juros da economia.
Na semana passada, o Copom, com mais um corte de 0,75 ponto percentual, reduziu os juros de 16,5% para 15,75% ao ano.
Analistas que apostavam em uma queda da taxa básica, a Selic, com a mesma dimensão na reunião dos dias 30 e 31 de maio já não têm tanta certeza disso, e preferem agora esperar a publicação da ata antes de opinar.
Foi a sétima queda da Selic desde setembro do ano passado, e colocou a taxa no valor nominal mais baixo dos últimos cinco anos. Mas os juros no país ainda são os mais altos do mundo.

Óbvio e preocupante
Ao divulgar a decisão na semana passada, o Copom afirmou em comunicado que irá "acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos de sua estratégia de política monetária".
A frase que parece óbvia e, portanto, dispensável, preocupou alguns economistas.
Muitos entenderam que a intenção do Banco Central fora preparar o mercado para uma diminuição nos cortes.
Mesmo quem não deu tanta importância para a advertência do Copom vê a possibilidade de que um comitê, com perfil tão conservador quanto o atual, encontre razões para redobrar a cautela na redução dos juros, apesar de as expectativas de inflação estarem no centro da meta estabelecida pelo governo.

Cenário doméstico
No cenário doméstico, analistas citam o que identificam como uma política fiscal mais expansionista (de aumento de gastos públicos), ainda que a meta de superávit primário deste ano seja alcançada.
No lado externo, preocupa a disparada de preços do petróleo, que pode pressionar a inflação, sem contar a recente alta das commodities metálicas.
Para alguns analistas, já há defasagem nos preços domésticos dos combustíveis em relação a preços internacionais.
Os juros internacionais também subiram, apontando certa reversão do cenário extremamente benigno para países emergentes, que é propício à tomada de riscos maiores.
Quanto mais se aproxima o segundo semestre, maior a preocupação com os efeitos da queda dos juros sobre a inflação do ano que vem. A redução da taxa Selic promovida pelo Banco Central nos últimos sete meses soma quatro pontos.
Economistas estimam entre seis e nove meses o tempo de transmissão da política monetária para a inflação e para a atividade econômica.
Neste ano, são maiores as chances de a inflação ficar dentro da meta do que no ano que vem, quando a capacidade ociosa da indústria do país poderá ser menos favorável, de acordo com a opinião de analistas do mercado.

Fim do ano
Alguns analistas estimam que em dezembro deste ano, a taxa de juros estará em 13,75% ao ano. Para outros, a queda da Selic não irá além dos 14%, ou 14,5% até o fim de 2006.


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