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Carrefour compra Atacadão por R$ 2,2 bi
Com aquisição, rede francesa volta à liderança no ranking nacional de supermercados, ultrapassando o Pão de Açúcar
A compra foi feita com recursos da matriz; sócios que
venderam o Atacadão vão
continuar ligados à rede por
dois anos, como conselheiros
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
O Carrefour anunciou ontem
a compra do Atacadão por R$
2,2 bilhões, voltando para a primeira colocação no ranking nacional de supermercados. A liderança tinha sido perdida para
o grupo Pão de Açúcar em
2000. Com a compra, a rede
francesa adiciona aos R$ 12,9
bilhões de faturamento em
2006 no Brasil os R$ 4,9 bilhões do Atacadão.
O Pão de Açúcar, que agora
ocupa a segunda posição, registrou R$ 16,5 bilhões em vendas
no ano passado, ou R$ 16,1 bilhões desconsiderando o faturamento do Extra Eletro, que é
uma rede não-alimentícia.
A rede Atacadão tem 34 lojas,
sendo 17 no Estado de São Paulo. São 214 mil metros quadrados de área de vendas, com 90%
em imóveis próprios. A aquisição é a maior da rede desde a incorporação do Promodès, na
França, em 1999. A previsão do
Carrefour é investir R$ 600 milhões no Brasil neste ano, e o
objetivo é crescer cerca de 10%.
A compra foi feita com recursos da matriz, na França. Os sócios que venderam o Atacadão
vão continuar ligados à rede
por dois anos, como conselheiros. "Queremos assegurar que o
"saber fazer" fique na empresa",
justificou Jean-Marc Pueyo, diretor-superintendente do Carrefour no Brasil. Segundo ele, a
diretoria e os 8.000 funcionários da rede serão mantidos pela empresa francesa. Nas palavras do executivo, "não muda
nada, nada, nada", referindo-se
à manutenção da marca e do foco no preço baixo.
Em 2005 e 2006, o Carrefour
fechou três hipermercados e 63
supermercados Champion. No
mesmo período, comprou dez
lojas Big e abriu dez hipermercados com a marca Carrefour.
Neste ano, a meta é abrir três
unidades com a bandeira Carrefour Bairro, entre 15 e 18 hipermercados e mais quatro
unidades da rede Atacadão. A
rede francesa já tem 144 lojas
no Brasil -69 em São Paulo.
Sobre novas aquisições, Pueyo desconversou, dizendo apenas que "depende se tem vendedor". O Pão de Açúcar e a rede americana Wal-Mart também estavam de olho no Atacadão. O Wal-Mart estava em empate técnico com o Carrefour
na segunda colocação no ranking de supermercados, com
faturamento semelhante (R$
12,9 bilhões) em 2006.
"Essa aquisição sinaliza uma
mudança de atitude do Carrefour no Brasil", disse Alberto
Serrentino, sócio-sênior da
Gouvêa de Souza & MD. Para o
consultor, haverá uma volta às
origens, já que a rede "criou
uma escola de que cada loja era
praticamente uma empresa",
com definição individual de
mix de produtos, por exemplo.
Na década passada, houve uma
centralização logística. "Agora,
vão partir para um modelo híbrido, sem desprezar os ganhos
de eficiência e produtividade".
De acordo com Pueyo, com a
compra, o faturamento do Carrefour no Brasil passa a representar 8% das vendas mundiais
da rede francesa.
Sergio Molinari, da revista
especializada "Supermercado
Moderno", avaliou que a aquisição vai fazer com que o Carrefour seja "um supridor do pequeno varejo". O Atacadão vende para as classes C e D e para
estabelecimentos de pequeno
porte, como lanchonetes e bares. "Com isso, vai cumprir um
papel importante na distribuição", argumentou Molinari.
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