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CPMF não será menor para empréstimos, diz Mantega
Ministro volta atrás de medida que reduziria custo de empréstimo bancário
Tributo é "imprescindível" para contas públicas e só pode ser reduzido "se tiver alguma outra conta de financiamento", diz ministro
ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Após defender, no início do
mês, a redução da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) sobre
as operações de empréstimos, o
ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que isso
só poderá acontecer se houver
uma contrapartida financeira.
"A arrecadação da CPMF é
de R$ 35 bilhões para 2007. É
imprescindível para a viabilização de projetos e gastos do governo. Você só pode reduzir isso se tiver alguma outra conta
de financiamento", disse Mantega.
A proposta de prorrogação da
CPMF até 2011 foi enviada ontem ao Congresso Nacional.
Pelas regras atuais, a cobrança
de 0,38% sobre as operações financeiras vale somente até dezembro deste ano.
No texto justificando a decisão, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o secretário Bernard Appy (Política Econômica, da Fazenda) argumentam que a contribuição é essencial para "manter a estabilidade
fiscal e macroeconômica" e
afirmam que, ao prorrogar a cobrança com o mesmo valor, o
governo não está se "furtando
de avaliar propostas de redução
progressiva da incidência deste
tributo".
Operações de crédito
Eles ressaltam ser importante que essa discussão "não considere isoladamente uma eventual desoneração da CPMF,
mas sim o conjunto das prioridades de desoneração tributária e, em particular, se é mais
urgente reduzir linearmente a
alíquota da CPMF ou reduzir
mais rapidamente sua incidência em operações em que gera
maiores distorções, a exemplo
das operações de crédito".
Há duas semanas, Mantega
havia dito que o governo planejava reduzir a alíquota da
CPMF para as operações de
empréstimos, o que teria um
impacto fiscal de cerca de R$ 4
bilhões por ano. Com essa renúncia fiscal, buscava apoio dos
parlamentares para prorrogar
a cobrança do tributo.
Ontem, o ministro disse que
simplesmente reduzir a CPMF
faria o governo "desativar programas sociais" e por isso a necessidade da contrapartida. Na
prática, Mantega reconheceu
que o governo tem dificuldades
em reduzir a carga tributária.
Segundo ele, o assunto será
discutido com os parlamentares. Ele lembrou que dentro do
Congresso há os que defendem
uma redução linear da CPMF,
que atingiria todas as operações, não apenas para empréstimos.
Emenda constitucional
Na Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) enviada
ontem ao Congresso, consta
também a prorrogação até 2011
da DRU (Desvinculação das
Receitas da União), que permite ao governo gastar com mais
liberdade até 20% do que arrecada. A legislação atual prevê a
manutenção desse mecanismo
até o final deste ano.
"A DRU tem sido imprescindível enquanto instrumento de
racionalização da gestão orçamentária, respondendo, nos últimos anos, por cerca de 58%
do total dos recursos livres da
União", argumentou o governo
na mensagem enviada ao Congresso.
Mantega disse ainda que,
apesar de o governo estudar
uma forma de reduzir os impostos sobre a folha de pagamentos com o objetivo de beneficiar as empresas prejudicadas com a valorização do real,
não significa que haverá perda
de receita. Segundo ele, essa cobrança terá de ser transferida
para algum outro tributo.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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