São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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Produtor reage com cautela; imagem do país como fornecedor confiável corre risco

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

Na pauta da reunião de hoje do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, com representantes da cadeia produtiva do arroz, o pedido do governo para que sejam suspensas também as exportações feitas diretamente pelo setor privado pode gerar controvérsia.
A primeira reação do setor é de cautela. Para Rui Polidoro, presidente da Fecoagro-RS (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul), é necessário entender como o governo quer garantir o abastecimento interno. O mercado prevê que a safra atual tenha excedente de 1 milhão de toneladas de arroz. Há espaço para exportar metade desse volume, segundo analistas.
Os estoques públicos somam mais de 1 milhão de toneladas. Polidoro considera fundamental manter os preços da saca no patamar atual de R$ 32 a R$ 34. Se o governo se dispuser a intervir no mercado pagando esse valor pelo excedente, não haverá espaço para muitas queixas dos produtores, pois essa cotação remunera a atividade.
Por isso, toda a atenção se voltará para como o governo vai administrar os estoques. O ideal, segundo Polidoro, é que se venda o produto de forma escalonada, evitando, dessa forma, o risco de quedas abruptas dos preços.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), define como equivocada a decisão de restringir as exportações. "O país precisa ser reconhecido como fornecedor confiável, e esse discurso [do governo] vai contra isso", diz.
Camargo Neto reconhece o momento de crise, com a alta de preços dos alimentos turbinada em parte pela especulação. A base desse movimento, porém, é o desajuste entre oferta e demanda. "O Brasil, como exportador, deveria indicar ao mundo que vai produzir mais."
Stephanes afirmou ontem que o governo monitora também o mercado de milho. Medida para conter as exportações também pode ser adotada para o produto, um dos principais insumos para a carne suína. "Espero que não aconteça", afirma Camargo Neto.


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