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Produtor reage com cautela; imagem do país como fornecedor confiável corre risco
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Na pauta da reunião de hoje
do ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, com representantes da cadeia produtiva do arroz, o pedido do governo para que sejam suspensas também as exportações feitas diretamente pelo setor privado pode gerar controvérsia.
A primeira reação do setor é
de cautela. Para Rui Polidoro,
presidente da Fecoagro-RS
(Federação das Cooperativas
Agropecuárias do Rio Grande
do Sul), é necessário entender
como o governo quer garantir o
abastecimento interno. O mercado prevê que a safra atual tenha excedente de 1 milhão de
toneladas de arroz. Há espaço
para exportar metade desse volume, segundo analistas.
Os estoques públicos somam
mais de 1 milhão de toneladas.
Polidoro considera fundamental manter os preços da saca no
patamar atual de R$ 32 a R$ 34.
Se o governo se dispuser a intervir no mercado pagando esse valor pelo excedente, não haverá espaço para muitas queixas dos produtores, pois essa
cotação remunera a atividade.
Por isso, toda a atenção se
voltará para como o governo
vai administrar os estoques. O
ideal, segundo Polidoro, é que
se venda o produto de forma escalonada, evitando, dessa forma, o risco de quedas abruptas
dos preços.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação
Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne
Suína), define como equivocada a decisão de restringir as exportações. "O país precisa ser
reconhecido como fornecedor
confiável, e esse discurso [do
governo] vai contra isso", diz.
Camargo Neto reconhece o
momento de crise, com a alta
de preços dos alimentos turbinada em parte pela especulação. A base desse movimento,
porém, é o desajuste entre oferta e demanda. "O Brasil, como
exportador, deveria indicar ao
mundo que vai produzir mais."
Stephanes afirmou ontem
que o governo monitora também o mercado de milho. Medida para conter as exportações
também pode ser adotada para
o produto, um dos principais
insumos para a carne suína.
"Espero que não aconteça",
afirma Camargo Neto.
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