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Sem acordo na Argentina, Brasil ainda fica sem trigo
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Enquanto não resolver o
conflito interno com o setor
agropecuário, a Argentina não
poderá exportar trigo para o
Brasil. Essa foi a posição apresentada pelo governo argentino
em reunião bilateral realizada
ontem em Buenos Aires, em
que o governo e empresários
brasileiros pediram a volta das
exportações de trigo, suspensas
por tempo indeterminado.
O setor agropecuário argentino realizou um locaute de três
semanas em março devido ao
aumento de impostos sobre as
exportações de soja e girassol.
Agora, campo e governo estão
em uma rodada de negociações
em que a exportação de trigo é
um dos pontos de divergência.
O Brasil importa da Argentina cerca de 70% do trigo que
consome. Diante da ameaça de
desabastecimento e de alta nos
preços dos derivados de trigo,
como o pão, o presidente do
Conselho Deliberativo da Abitrigo (Associação Brasileira da
Indústria do Trigo), Luiz Martins, que participou da reunião
em Buenos Aires, afirmou que a
única solução para o setor é pedir que o governo brasileiro libere mais importações sem impostos de outros países.
Com 1 milhão de toneladas
que já foram importadas dos
EUA e do Canadá e que estariam chegando ao Brasil, o
abastecimento de trigo está garantido até o final de junho.
"Para não aumentar o preço do
pão, vamos pedir que o governo
libere a importação de outros 3
milhões de toneladas."
Na quarta-feira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho,
havia afirmado que reclamaria
a volta da regularidade nas exportações alegando desabastecimento e inflação no Brasil.
Representantes do governo e
de empresas dos dois países vão
se reunir novamente, na primeira quinzena de maio, no
Brasil, para discutir o tema.
A proibição às exportações
de trigo foi imposta há cerca de
um ano e é prorrogada desde
então. Foi suspensa por poucos
dias no período. O governo justifica que a suspensão das exportações garante o abastecimento e a manutenção de preços no mercado interno.
A volta das exportações de
trigo também é uma reclamação dos produtores argentinos.
As entidades que representam
o setor se reuniriam ontem à
noite para discutir uma possível volta ao locaute enquanto
esperam uma resposta do governo sobre a questão do trigo.
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