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Construtoras disputam obra de Belo Monte
Ao menos dez grandes empresas querem contratos para a construção da hidrelétrica; OAS já tem participação definida
Com preço considerado baixo após leilão, empresas
tentam ser contratadas
como empreiteiras, e não
mais atuar como sócias
LEILA COIMBRA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA
Pelo menos dez grandes
construtoras disputam para
obter os contratos das obras civis da usina hidrelétrica de Belo
Monte, no rio Xingu (PA). No
leilão realizado na terça-feira
passada, o preço da energia ficou abaixo do esperado (em R$
78 o megawatt-hora) e o grande
negócio agora entre elas é ser
contratada como empreiteira, e
não mais atuar como investidora no projeto.
O embate principal hoje é entre as construtoras que estão
no consórcio Norte Energia,
ganhador da concessão, e as
três gigantes (Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, esta última líder do
consórcio perdedor), que querem entrar na obra.
Estão no Norte Energia as seguintes empresas de engenharia e construção: Queiroz Galvão, Serveng, Mendes Júnior,
Contern, Cetenco, Galvão Engenharia e J. Malucelli.
A OAS também negocia entrar no projeto, tanto como investidora quanto como empreiteira. A participação da empresa já foi definida, mas ainda não
divulgada.
Ter fatia no empreendimento como investidor ajuda a garantir também o contrato como fornecedora. Mas o consórcio vencedor possui 40% de sua
composição distribuídos entre
empresas de engenharia e
construção, percentual acima
do limite permitido pelas regras do leilão. No momento de
outorga da concessão, em 23 de
setembro, somente 20% do
Norte Energia poderá ser destinado às empreiteiras.
Fonte próxima às negociações acredita que a Queiroz
Galvão, uma das líderes do grupo vencedor, deverá sair do investimento. A empresa quis garantir contratação de 80% das
obras, o que foi rechaçado pela
Eletrobras.
Garantias
A Queiroz Galvão chegou a
dizer que só depositaria sua
parte das garantias financeiras
de R$ 19 milhões (o correspondente a 10% do valor total, de
R$ 190 milhões) caso houvesse
o comprometimento por parte
da Eletrobras de que ela assumiria a maior parte das obras.
Na véspera do leilão, a Queiroz Galvão entregou carta de
desistência do projeto aos outros sócios do Norte Energia. O
grupo Bertin, que participa do
grupo por meio de duas subsidiárias da área de infraestrutura (Contern e Gaia), disse que
assumiria a parte da construtora no grupo. Mas o problema
não terminou aí.
A empresa ganhou a antipatia dos outros sócios porque teria, nas vésperas do leilão, negociado parceria e subcontratação como empreiteira com a
Andrade Gutierrez, caso ela
fosse vencedora. A Andrade liderava o consórcio rival e até
então era considerada a favorita na disputa. Após o anúncio
de vitória do Norte Energia, a
Queiroz teria dito aos outros
sócios que gostaria de permanecer no consórcio e pediu um
prazo para decidir.
Para um executivo de uma
empresa do Norte Energia, não
há mais clima para a permanência da Queiroz Galvão, apesar de a empresa ter recuado
por ora de sua decisão de sair.
Às vésperas do leilão, foram
feitas várias reuniões sem os
executivos da empreiteira e,
após a vitória, os sócios se reuniram no hotel Meliá, em Brasília, para brindar a vitória. Nenhum executivo da Queiroz
Galvão foi convidado.
Além da Queiroz, deve deixar
o grupo a J. Malucelli, acredita
o executivo. Não por desentendimentos entre os sócios, mas
por motivos financeiros: a empresa não tem tradição no setor
elétrico e não tem "equity" (capital próprio) suficiente para
fazer frente ao investimento,
que exigirá bilhões de reais.
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