São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Metas do milênio não serão atingidas em tempo

ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

A cinco anos do prazo previsto pelas Nações Unidas, o mundo ainda está longe de atingir a maioria das chamadas Metas do Milênio, uma série de alvos socioeconômicos que deveriam ser alcançados até 2015.
Mas a mais importante delas, de reduzir pela metade o total de pessoas no mundo vivendo com menos de US$ 1,25 ao dia (R$ 2,20) ante os números de 1990, deve ser atingida na maioria das regiões, apesar da crise financeira de 2009.
Apenas a região da África subsaariana não alcançará essa meta. Na média mundial, porém, o total de miseráveis terá caído de 41,7% para 15% entre 1990 e 2015.
Na África subsaariana, a queda terá sido de apenas 57,6% para 38%. A região seguirá, portanto, atrás do resto do planeta e ostentando o título de mais pobre do mundo.
A queda extraordinária da pobreza na Ásia, em especial em China e Índia, darão a maior contribuição para alcançar essa meta na média mundial até 2015, segundo relatório apresentado ontem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial.
Se o atual ritmo de redução da pobreza for mantido, o Leste Asiático e o Pacífico verão o total de miseráveis encolher de quase 55% para 4% em 15 anos (as Metas do Milênio foram estabelecidas em 2000).
Na América Latina, a redução será, entre 1990 e 2015, de 11,3% para 5%. No Brasil, segundo dados da FGV-RJ e do Ipea, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria (com menos de R$ 137 ao mês) caiu expressivos 43% entre 2003 a 2010.
O país tem hoje cerca de 30 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2,60 ao dia.
Segundo o brasileiro Murilo Portugal, subdiretor-gerente do FMI, a resposta que os países avançados e emergentes deram em termos de estímulos durante a crise financeira de 2008-2009 foi "fundamental" para que a meta geral de redução da pobreza permanecesse nos trilhos.
Entre o final de 2007 e hoje, o FMI elevou o estoque de empréstimos para economias em crise de US$ 10 bilhões para US$ 175 bilhões. O volume de financiamentos a juro zero concedido a países africanos também triplicou desde 2008, para US$ 3,6 bilhões.
"O problema é que, com exceção da meta de queda na pobreza, a grande maioria das outras não deverão ser alcançadas. Especialmente se a atual recuperação econômica não ganhar velocidade nos próximos anos", destaca, porém, o chinês Justin Lin, economista-chefe do Banco Mundial.
Várias outras metas, como a redução da mortalidade infantil ou de aumento da oferta de água potável e saneamento básico, não serão atingidas. E o impacto da crise sobre elas, segundo o Banco Mundial, é difícil de medir. Além disso, as incertezas sobre a economia mundial continuam. (FCZ)


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