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Metas do milênio não serão atingidas em tempo
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
A cinco anos do prazo previsto pelas Nações Unidas, o mundo ainda está longe de atingir a
maioria das chamadas Metas
do Milênio, uma série de alvos
socioeconômicos que deveriam
ser alcançados até 2015.
Mas a mais importante delas,
de reduzir pela metade o total
de pessoas no mundo vivendo
com menos de US$ 1,25 ao dia
(R$ 2,20) ante os números de
1990, deve ser atingida na
maioria das regiões, apesar da
crise financeira de 2009.
Apenas a região da África
subsaariana não alcançará essa
meta. Na média mundial, porém, o total de miseráveis terá
caído de 41,7% para 15% entre
1990 e 2015.
Na África subsaariana, a queda terá sido de apenas 57,6%
para 38%. A região seguirá, portanto, atrás do resto do planeta
e ostentando o título de mais
pobre do mundo.
A queda extraordinária da
pobreza na Ásia, em especial
em China e Índia, darão a
maior contribuição para alcançar essa meta na média mundial até 2015, segundo relatório
apresentado ontem pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial.
Se o atual ritmo de redução
da pobreza for mantido, o Leste
Asiático e o Pacífico verão o total de miseráveis encolher de
quase 55% para 4% em 15 anos
(as Metas do Milênio foram estabelecidas em 2000).
Na América Latina, a redução será, entre 1990 e 2015, de
11,3% para 5%. No Brasil, segundo dados da FGV-RJ e do
Ipea, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria (com menos de R$ 137 ao
mês) caiu expressivos 43% entre 2003 a 2010.
O país tem hoje cerca de 30
milhões de pessoas que vivem
com menos de US$ 2,60 ao dia.
Segundo o brasileiro Murilo
Portugal, subdiretor-gerente
do FMI, a resposta que os países avançados e emergentes deram em termos de estímulos
durante a crise financeira de
2008-2009 foi "fundamental"
para que a meta geral de redução da pobreza permanecesse
nos trilhos.
Entre o final de 2007 e hoje, o
FMI elevou o estoque de empréstimos para economias em
crise de US$ 10 bilhões para
US$ 175 bilhões. O volume de
financiamentos a juro zero
concedido a países africanos
também triplicou desde 2008,
para US$ 3,6 bilhões.
"O problema é que, com exceção da meta de queda na pobreza, a grande maioria das outras não deverão ser alcançadas. Especialmente se a atual
recuperação econômica não
ganhar velocidade nos próximos anos", destaca, porém, o
chinês Justin Lin, economista-chefe do Banco Mundial.
Várias outras metas, como a
redução da mortalidade infantil ou de aumento da oferta de
água potável e saneamento básico, não serão atingidas. E o
impacto da crise sobre elas, segundo o Banco Mundial, é difícil de medir. Além disso, as incertezas sobre a economia
mundial continuam.
(FCZ)
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