São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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À caça de dólares, governo quer licença para receber lixo nuclear

DE BUENOS AIRES

Em meio a maior crise econômica da história, o governo argentino quer aprovar no Congresso um projeto que liberaria o ingresso de resíduos nucleares para não perder um contrato de US$ 90 milhões assinado com uma empresa australiana.
O contrato prevê que a estatal argentina Invap forneça um reator nuclear para a empresa australiana Ansto. Em troca, o lixo nuclear produzido pela usina seria eventualmente remetido de volta para o país para tratamento.
Como a Constituição proíbe a ingresso de "resíduos potencialmente nucleares" no país, o governo resolveu, ainda durante a gestão do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001), remeter um projeto ao Congresso pedindo a aprovação específica desse contrato.

Reação
Esse projeto foi alvo ontem de uma manifestação do Greenpeace em frente à Casa Rosada (sede do governo), em Buenos Aires.
De acordo com o Greenpeace, o governo argumenta tratar-se apenas de importação de "combustível nuclear gasto" -e não de lixo nuclear.
Além disso, o governo diz que o ingresso dos resíduos seria transitório, uma vez que o lixo seria tratado e depois remetido de volta à Austrália.
No entanto, a ONG ambiental informou que hoje a Argentina não possui uma estação adequada para o tratamento do lixo nuclear que começaria a chegar ao país nos próximos anos.
Segundo o coordenador da campanha de energia do Greenpeace, Juan Carlos Villalonga, a decisão do Congresso poderia afetar a segurança dos argentinos "durante anos".(JS)


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