São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Relatório reduz alta do PIB no ano de 4,32% a 4% e eleva previsão para taxa de juros e arrecadação

Governo vê crescimento menor e juro maior

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Luiz Inácio Lula da Silva reduziu em 0,32 ponto percentual a expectativa de crescimento da economia para 2005 e prevê agora que o PIB (Produto Interno Bruto, o conjunto de riquezas produzidas no país) cresça 4% neste ano. O cenário faz parte do relatório encaminhado ontem à noite pela área econômica do governo aos Poderes Legislativo e Judiciário sobre o bloqueio de gastos da União.
No ano passado, o PIB brasileiro cresceu 5,2%.
O relatório também estima que a arrecadação de impostos federais crescerá R$ 6,4 bilhões neste ano, resultado do pagamento de um volume maior do que o esperado inicialmente de três tributos, pela ordem: Imposto de Renda, CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) e CPMF. A receita total administrada pela Receita Federal sobe de R$ 316 bilhões para R$ 322,4 bilhões.
Em conseqüência da reestimativa do valor do PIB em reais, que chegaria a R$ 1,972 trilhão, o relatório prevê também que a União vai precisar economizar R$ 276,9 milhões além da estimativa anterior para atingir a meta de superávit primário, fixada em 4,25% do Produto Interno Bruto. Esse valor se somará aos R$ 46,7 bilhões da estimativa anterior, divulgada em fevereiro, antes do anúncio do PIB brasileiro de 2004.
Embora tenha reduzido a estimativa de crescimento para 4%, a projeção do governo ainda está acima dos 3,5% previstos pelo mercado financeiro, segundo pesquisa do Banco Central.

Taxa de juros
A taxa básica de juros, a Selic, também cairá de forma menos acelerada do que a previsão anterior, segundo o relatório assinado pelos secretários do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e do Orçamento Federal, Bernardo Bringel. A previsão de taxa média para 2005 sobe 1,59 ponto percentual, de 17,28% para 18,87%.
Apesar de o governo não informar os motivos dessa revisão, a alteração pode ser explicada pelos últimos aumentos na taxa básica de juros, que subiu para 19,75% na semana passada, e a avaliação do BC de que devem continuar elevados por um prazo longo.
O cenário revisto por imposição da Lei de Responsabilidade Fiscal indica também que o governo conta com um aumento significativo no preço do petróleo neste ano. O preço médio do produto considerado nas projeções do governo sobe de US$ 42,57 para US$ 50,87.
No que diz respeito à inflação, a área econômica manteve a previsão de crescimento de 5,1% do IPCA, índice considerado pelas metas oficiais de inflação. O número corresponde ao percentual de aumento de preços buscado pelo Banco Central.
Mas o relatório já projeta uma inflação maior medida pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, acima inclusive da estimativa traçada pelo mercado.
Em fevereiro, quando anunciou o bloqueio de R$ 15,9 bilhões, a área econômica considerava um aumento acumulado de 6,5% dos preços pelo IGP-DI. No relatório divulgado ontem, a previsão passa a 6,97% para o índice, que capta mais rapidamente variações nas taxas de câmbio e aumento dos preços no atacado.
A taxa média de câmbio também foi revista pelo governo. O real vai se valorizar menos, de acordo com a nova previsão, e a taxa média cai de R$ 2,83 para R$ 2,64.
As novas previsões que aparecem no relatório servem apenas de parâmetro para o desbloqueio de gastos públicos, até a próxima revisão. Mas o principal critério para o corte de gastos autorizados pela lei orçamentária é o comportamento da arrecadação dos tributos federais.


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