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VIZINHOS EM CRISE
Argentino diz que industriais paulistas são "fortes, duros e impiedosos'; Fiesp vê "crítica a quem não merece crítica"
Kirchner ataca indústria de SP, e Skaf reage
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de Estado de
São Paulo), Paulo Skaf, respondeu ontem, durante evento no Palácio dos Bandeirantes, em São
Paulo, às críticas aos empresários
brasileiros feitas pelo presidente
da Argentina, Néstor Kirchner.
Kirchner afirmou, em entrevista publicada pelo diário argentino
"Página 12", que os "industriais
de São Paulo são fortes, duros e
impiedosos", ao fazer comentários sobre as relações entre os governos brasileiro e argentino. Para o presidente do país vizinho,
"todo o Brasil tem que entender
que a indústria não pode estar só
em São Paulo".
"Não podemos deixar que uma
declaração dessas "azede" o Mercosul", disse Skaf. Segundo ele, as
declarações só levam ao "afastamento". "Esse é um momento de
nos unirmos", disse.
Ainda falando ao "Página 12",
Kirchner disse que, diferentemente dos anos 90, quando a Argentina havia "se resignado" a
não ser um país industrial, as políticas adotadas a partir de agora
promoverão a "reindustrialização" do país.
Apesar de referir-se à "impiedade" dos empresários do setor industrial brasileiro, Kirchner disse
que "do governo brasileiro há
compreensão". A outro diário argentino, o "Clarín", Kirchner disse que a relação dele com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é
"excelente", apesar de ressalvar
que "há setores do establishment
brasileiro que querem ter a indústria em São Paulo e que todos os
demais sejamos periféricos".
Os argentinos pressionam pelo
que o governo do país chama de
"correção das assimetrias do
Mercosul". Pedem, por exemplo,
a adoção de salvaguardas para
proteger setores locais da concorrência da indústria brasileira.
Skaf, ao reagir ontem às declarações de Kirchner, publicadas no
domingo, disse que "o presidente
[da Argentina] não está no caminho certo, criticando quem não
merece críticas. Enquanto o Brasil
cresceu 5,2% no ano passado, a
Argentina cresceu 8%. Enquanto
temos setores da indústria na
ociosidade, na Argentina está tudo a plena [capacidade]". "Enquanto nosso câmbio está em torno de R$ 2,40, o da Argentina está
em 2,93 pesos. Não é momento de
reclamação", completou.
Skaf embarca para a Argentina
na quinta, quando participa da
posse do novo presidente da UIA
(União Industrial Argentina).
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