São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2005

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COMÉRCIO

Impacto de controles dos EUA e da UE seria pequeno

China tem demanda interna para têxteis, dizem fabricantes locais

DA BLOOMBERG

Os fabricantes chineses de produtos têxteis, que gastaram US$ 14,3 bilhões no ano passado em fábricas e insumos industriais, dizem que as vendas locais vão absorver o impacto de uma possível queda dos pedidos de lojas como Wal-Mart e Carrefour resultante da imposição de salvaguardas pelos Estados Unidos e pela União Européia sobre as importações dos produtos chineses.
"A demanda interna responde por cerca de 70% da expansão do setor", disse Wang Donghua, porta-voz da Weiqiao Textile, com sede em Shandong, a maior fabricante de produtos têxteis de algodão do país.
"Nossa economia está se tornando mais voltada par o consumidor, em vez de pautada pelos investimentos. Esse é o principal impulsionador do nosso crescimento", disse Wang.
A Weiqiao Textile comprou 65% mais algodão no ano passado, contratou 35 mil funcionários e gastou 3,6 bilhões de yuan (cerca de US$ 435 milhões), aumentando a produção destinada a clientes como a Levi Strauss.
Os governos dos Estados Unidos e da União Européia querem estancar a enxurrada de exportações de artigos de vestuário produzidos pela Weiqiao e por 100 mil outras empresas têxteis desde o encerramento, em 31 de dezembro do ano passado, de um sistema de cotas mundiais sobre produtos têxteis, que já se estendia por quatro décadas.
Os produtores dos Estados Unidos e da União Européia dizem que o aumento súbito das importações de têxteis chineses perturba os mercados locais.
O porta-voz da Weiqiao, que produz tecidos para jeans e para roupa de cama, disse que a economia nacional de seu país, que cresceu 9,5% no período de um ano, oferece muitas oportunidades de venda locais.
A China é o maior exportador de artigos de vestuário do mundo. As exportações de produtos têxteis e confecções do país dispararam 29% no primeiro trimestre, agravando as tensões da China com os Estados Unidos, que registraram um déficit recorde de US$ 162 bilhões em sua balança comercial com a China no ano passado.
As vendas chinesas de produtos têxteis e confecções cresceram 23% em 2004 em relação a 2003, disse o Conselho Nacional Chinês de Têxteis e Confecções.
As exportações, responsáveis por apenas 30% das vendas, tiveram expansão de 21% passando a totalizar US$ 97,4 bilhões.
"No ano passado e desde o início deste ano, a expansão das vendas internas ultrapassou inquestionavelmente o crescimento das exportações", afirmou Sun Huaibin, diretor do conselho, em entrevista por telefone concedida de Pequim.
Os fabricantes chineses de produtos têxteis "estão interessados em desenvolver suas próprias marcas para seu próprio mercado com margens potencialmente maiores, em vez de desovar milhões de camisetas comercializadas a baixas margens para os varejistas ocidentais", disse Roger Tredre, editor-chefe do Worth Global Style Network de Londres.
Muitos fabricantes chineses que se concentravam no mercado de exportação vêem atualmente "mais oportunidades de crescimento na China, principalmente em roupas esportivas e principalmente com a aproximação dos Jogos Olímpicos", a serem realizados em Pequim em 2008, disse Theresa Lo, analista do Bank of China International de Hong Kong, em entrevista por telefone.


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