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Governo já admite aperto menor de Estados
Para compensar medida, governo federal terá de ampliar o valor que economiza para pagamento de juros, diz Mantega
Equipe econômica busca alternativas para permitir aos governadores aumentar investimentos, sem alterar Lei de Responsabilidade Fiscal
ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
O governo federal já admite
fazer um esforço fiscal maior
para compensar o aumento de
investimentos por parte dos
Estados. O ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse ainda
que a União poderá flexibilizar
as regras em relação ao endividamento de alguns governos
para que eles tenham mais recursos para novas obras.
Embora admita uma contribuição menor por parte dos Estados, o ministro reafirmou ontem que a meta de superávit
global de 3,88% do PIB (Produto Interno Bruto) será cumprida neste ano.
"A União vai cobrir se tiver
uma redução [do superávit dos
Estados]. Isso será muito menor do que ampliar o limite de
endividamento para duas vezes
a receita dos Estados", disse o
ministro ontem.
Na meta de superávit primário (receitas menos despesas,
excluindo gastos com juros) de
3,88% do PIB, o governo central precisa realizar 2,35%, e as
estatais, 0,8%. O restante fica
por conta de Estados e municípios, que, com mais recursos
para investir, acabarão por fazer um esforço fiscal menor.
Mantega disse que o governo
não irá alterar a lei que reestruturou as dívidas estaduais nem
a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), mas que é possível
flexibilizar as regras para garantir os investimentos locais.
"Nós temos que encontrar
soluções que não mexam com
contratos assinados no passado, como a Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso não quer dizer
que nós estejamos com uma camisa-de-força sobre os Estados
e os municípios. Temos como
flexibilizar", afirmou.
Essa flexibilização, reivindicada pelos governadores desde
2006, vai ajudar os Estados
porque boa parte deles já atingiu o limite de endividamento
previsto na lei que renegociou
suas dívidas junto ao Tesouro
Nacional -ele é de uma vez a
receita estadual.
Após os pedidos dos governadores, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva determinou à
equipe econômica que encontrasse uma fórmula que permitisse aos Estados aumentarem
sua contribuição para o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento).
Os governadores defendiam
que fosse adotado o limite previsto na LRF, que é de duas vezes a receita. Isso resultaria em
gastos adicionais de R$ 140 bilhões, mas a Fazenda é contrária a essa proposta.
Saídas
Uma das saídas estudadas
por Mantega para dar um alívio
aos Estados é autorizar uma
margem maior de endividamento para aqueles que reduzirem as despesas. De acordo
com o ministro, hoje o Tesouro
precisa autorizar esse endividamento adicional.
A flexibilização será feita caso a caso e definida até o final
de junho, quando o Tesouro
Nacional concluir avaliações
em andamento sobre a situação
de todos os Estados. Além disso, novos endividamentos só
serão permitidos em situações
especiais. "Você permite um
endividamento maior para causas nobres, como o metrô de
São Paulo", afirmou.
Segundo ele, somente após a
conclusão dessas avaliações é
que será possível saber quanto
a mais a União teria que economizar para compensar a menor
contribuição dos Estados.
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