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Brasileiro gasta 146 dias para pagar tributo
Contribuintes têm de trabalhar até sábado, dia 26, apenas para cumprir as obrigações fiscais com os três níveis de governo
Carga tributária deste ano requer um dia mais do que em 2006, segundo estudo do IBPT; classe média é a mais exigida, com 156 dias
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os brasileiros terão de trabalhar até sábado, dia 26 deste
mês, somente para o pagamento de tributos neste ano aos governos federal, estaduais e municipais. Desde 1º de janeiro,
em média serão 146 dias de trabalho -um dia a mais do que o
tempo gasto em 2006.
A carga tributária no ano será
de 40,01% sobre a renda desses
trabalhadores. Por tipo de tributo, a carga fiscal é dividida
em 14,72% sobre a renda,
22,54% sobre o consumo e
2,92% sobre o patrimônio.
Os cálculos são de estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos, divulgado ontem
pelo IBPT (Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário),
entidade que reúne profissionais que se dedicam a estudos
tributários de natureza institucional, setorial e empresarial.
Segundo o IBPT, a cada ano
os brasileiros têm destinado
maior parte da renda para cumprir seus compromissos tributários com o Estado. Prova disso é que, em 2003, 36,98% do
rendimento bruto era destinado àquela finalidade. Um ano
depois, já eram 37,81%, índice
que subiu para 38,35% em
2005 e para 39,72% em 2006.
O IBPT também calculou o
tempo de trabalho por faixa de
renda. O estudo mostra que a
classe média -renda entre R$
3.000 e R$ 10 mil- é a que mais
trabalha para satisfazer as exigências tributárias dos três níveis de governo. Esses contribuintes ainda terão de trabalhar até 5 de junho -ou seja,
156 dias- para pagar impostos
e contribuições. A carga anual
será de 42,70% (19,17% sobre a
renda, 20,51% sobre o consumo
e 3,02% sobre o patrimônio).
Segundo o estudo, os principais tributos sobre o salário são
o Imposto de Renda, a contribuição à Previdência Social e as
contribuições sindicais. Na hora de consumir, o contribuinte
terá de pagar ICMS (estadual),
ISS (municipal), IPI, PIS, Cofins e CPMF (federais). Se tiver
imóvel (casa, apartamento ou
terreno) e carro terá de pagar
IPTU, IPVA, Cide, ITCMD,
ITBI e ITR. Além desses tributos, arca com o pagamento de
taxas de limpeza e iluminação
pública, coleta de lixo, emissão
de documentos e outros.
A classe alta -para o IBPT, os
que têm renda média mensal
superior a R$ 10 mil- vem em
segundo lugar no ranking dos
que mais trabalham para pagar
tributos. São 152 dias por ano,
ou até 1º de junho. Esses trabalhadores têm carga fiscal de
41,73%, sendo 21,13% sobre a
renda, 16,82% sobre o consumo
e 3,78% sobre o patrimônio.
A classe baixa -na definição
do estudo, os que têm renda
média mensal até R$ 3.000- é
a que menos tem de trabalhar
para cumprir seus compromissos fiscais. Ainda assim, são necessários 141 dias para satisfazer a voracidade fiscal -período já cumprido na segunda-feira, dia 21 deste mês. Os 38,75%
da carga fiscal anual são divididos em 12,93% sobre a renda,
22,97% sobre o consumo e
2,85% sobre o patrimônio.
O dobro dos anos 70 e 80
A voracidade dos fiscos brasileiros é tão grande que hoje é
preciso trabalhar o dobro do
que se trabalhava nas décadas
de 70 e 80 para pagar todos os
tributos (ver quadro). Nos anos
70, a média de trabalho anual
estava em 76 dias, segundo o
estudo. Nos anos 80 quase não
houve mudança -eram 77 dias.
Desde 1999, em todos os anos
os brasileiros tiveram de trabalhar mais para pagar tributos.
Segundo o IBPT, dois países
europeus (Suécia, 185 dias, e
França, 149 dias) exigem que
seus contribuintes trabalhem
mais dias por ano do que o brasileiro para o pagamento de tributos. Mas com uma diferença:
o cidadão tem a contrapartida
do que paga, uma vez que o Estado oferece serviços de qualidade e não cobra por eles.
Em outros países os contribuintes trabalham menos tempo para ficar em dia com o fisco.
Os espanhóis precisam trabalhar 137 dias; os norte-americanos, 102 dias; os argentinos, 97
dias; os chilenos, 92 dias; e os
mexicanos, apenas 91 dias.
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