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Duhalde quer México como interlocutor com os EUA
Argentina propõe união latina para negociar ajuda
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
A América Latina pode se unir
na busca de ajuda da comunidade
internacional para evitar que o
contágio da crise argentina derrube de vez as economias da região.
A iniciativa, idealizada pelo governo argentino, visa mostrar aos
Estados Unidos e ao FMI (Fundo
Monetário Internacional) que a
crise no país vizinho não pode ser
"encapsulada" e que as empresas
européias e norte-americanas instaladas no continente "perderiam
fortunas" com uma recessão generalizada.
O primeiro contato nesse sentido teria sido feito pelo presidente
da Argentina, Eduardo Duhalde,
com um telefonema para FHC
neste fim de semana. A assessoria
do governo brasileiro não confirmou a informação.
Os argentinos também esperam
contar com o apoio do México até
5 de julho, quando acaba a reunião de cúpula dos países do Mercosul, em Buenos Aires.
A Argentina defende que o presidente mexicano, Vicente Fox,
deveria ser o responsável por
mostrar aos EUA o perigo que
corre a região. "É necessária uma
solução para todo o Mercosul. Por
isso vamos pedir a Fox que seja
nosso interlocutor", disse o chanceler argentino, Carlos Ruckauf.
"Ou nos salvamos todos ou cai a
economia da região."
Contágio
Sinais de que a crise já pode ter
se espalhado por toda a América
Latina foram sentidos nesta semana. O Uruguai foi obrigado a
liberar seu câmbio na quinta, sufocado pela queda nas reservas internacionais e a fuga de capitais.
Até mesmo o México, considerado há pouco um porto seguro
na América Latina, sente os efeitos do contágio da crise que se espalha pela região. O ministro das
Finanças do México, Francisco
Gil, culpou as turbulências no
Brasil pela desvalorização do peso
e a alta do risco-país registradas
nos últimos dias. Na sexta, o peso
mexicano atingiu seu menor valor diante do dólar em 17 meses.
No Brasil, o dólar disparou mais
2,5% na sexta-feira e atingiu seu
maior valor no Real, vendido a R$
2,84. O risco-país acelerou sua escalada nos últimos dias e fechou
na sexta-feira no maior nível desde janeiro de 99. No Chile, o dólar
subiu 1,5% na sexta. Assustado
com a crise, o Paraguai já negocia
uma blindagem financeira de US$
220 milhões.
Mesmo assim, o secretário do
Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, se
mostrou na última sexta contrário a aumentar a ajuda ao Brasil,
porque, para ele, a crise no país é
política. O'Neill também sinalizou que o FMI não deve aumentar
a ajuda aos outros países porque
seria difícil explicar ao contribuinte dos EUA que os impostos
pagos estão sendo enviados aos
países pobres.
Para tentar sensibilizar os EUA,
os governos do Mercosul também
vão pintar um quadro incendiário
para a região durante a visita do
subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos dos EUA,
Otto Reich, que passará por diversos países latino-americanos no
começo de julho.
Argentina
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, que
viaja a Washington amanhã, disse
que o FMI deve entender que o
país só terá condições de elaborar
um plano sustentável após fechar
um pré-acordo que possibilitasse,
ao menos, o adiamento de pagamentos das dívidas que vencem
nos próximos meses com os organismos internacionais.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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