|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GRÃOS
Objetivo é aproveitar bons preços no mercado externo
Produtores do Paraná substituem plantio de milho por soja safrinha
DA REPORTAGEM LOCAL
A colheita de soja safrinha está
em pleno andamento no Paraná.
A novidade tem sido a aposta dos
produtores paranaenses para
aproveitar os bons preços da
commodity no mercado internacional.
Roseli Krutsh, 50, acompanha
essa tendência. Este é o segundo
ano que a produtora de Cascavel
(PR) investe na safrinha de soja.
No ano passado, foram dez alqueires (24,2 hectares).
Neste ano, Krutsh dobrou a área
plantada. Em 2004, a produtora
planeja dobrar a área em relação a
este ano e abandonar o plantio de
milho que, em geral, é a cultura
preferida para a safrinha.
"O milho não compensa. Leva
mais tempo que a soja para ser colhido [em geral, o ciclo da soja dura 120 dias] e o custo do plantio
chega a ser 30% superior ao da soja", afirma.
Com 50% da produção colhida,
a sojicultora espera obter 120 toneladas no total. "A produtividade é menor que na safra de verão,
mas a qualidade é a mesma", diz.
O entusiasmo dos produtores,
porém, esbarra no temor dos
cientistas com relação aos riscos
que essa prática pode trazer. "É
uma forçada de barra, porque se
planta uma cultura de verão no
inverno. Nas regiões mais frias
nem se pensa em safrinha", diz
Antonio Garcia, da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária).
O pesquisador afirma também
que experimentos com soja safrinha são difíceis de serem realizados. Isso porque, em áreas pequenas, algumas doenças tendem a se
concentrar e acabam não refletindo a realidade da lavoura.
Paulo Sérgio Andreani, engenheiro agrônomo da cooperativa
Coopavel em Santa Tereza do
Oeste (PR), é outro que faz ressalvas à prática. "A introdução da safrinha de soja pode levar ao aumento de pragas, principalmente
percevejos, porque causa uma
oferta mais longa de alimento para essa praga durante o ano", diz.
Outra desvantagem decorre do
ponto-de-vista econômico, já que
no período onde a safrinha seria
plantada -geralmente nos meses de abril e maio- há possibilidade de geadas na região do oeste
paranaense.
Essa possibilidade é agravada
pelo fato de que, em geral, não há
seguro para cultivos do tipo safrinha. "A gente planta por nossa
própria conta e risco", diz Krutsh.
Segundo produtores, o plantio
de soja safrinha tem ganhado força no Paraná há cerca de dois
anos. Não há, porém, estatísticas
oficiais. Mesmo assim, apesar do
aumento das áreas com soja, especialistas dizem que não há pressão no fornecimento de milho.
(CÍNTIA CARDOSO)
Texto Anterior: Pecuária de corte, pesca e mulheres vão ganhar novas linhas de crédito Próximo Texto: O Japão é aqui: São Paulo tem seu próprio arroz para sushi Índice
|