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São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

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GRÃOS

Objetivo é aproveitar bons preços no mercado externo

Produtores do Paraná substituem plantio de milho por soja safrinha

DA REPORTAGEM LOCAL

A colheita de soja safrinha está em pleno andamento no Paraná. A novidade tem sido a aposta dos produtores paranaenses para aproveitar os bons preços da commodity no mercado internacional.
Roseli Krutsh, 50, acompanha essa tendência. Este é o segundo ano que a produtora de Cascavel (PR) investe na safrinha de soja. No ano passado, foram dez alqueires (24,2 hectares).
Neste ano, Krutsh dobrou a área plantada. Em 2004, a produtora planeja dobrar a área em relação a este ano e abandonar o plantio de milho que, em geral, é a cultura preferida para a safrinha.
"O milho não compensa. Leva mais tempo que a soja para ser colhido [em geral, o ciclo da soja dura 120 dias] e o custo do plantio chega a ser 30% superior ao da soja", afirma.
Com 50% da produção colhida, a sojicultora espera obter 120 toneladas no total. "A produtividade é menor que na safra de verão, mas a qualidade é a mesma", diz.
O entusiasmo dos produtores, porém, esbarra no temor dos cientistas com relação aos riscos que essa prática pode trazer. "É uma forçada de barra, porque se planta uma cultura de verão no inverno. Nas regiões mais frias nem se pensa em safrinha", diz Antonio Garcia, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O pesquisador afirma também que experimentos com soja safrinha são difíceis de serem realizados. Isso porque, em áreas pequenas, algumas doenças tendem a se concentrar e acabam não refletindo a realidade da lavoura.
Paulo Sérgio Andreani, engenheiro agrônomo da cooperativa Coopavel em Santa Tereza do Oeste (PR), é outro que faz ressalvas à prática. "A introdução da safrinha de soja pode levar ao aumento de pragas, principalmente percevejos, porque causa uma oferta mais longa de alimento para essa praga durante o ano", diz.
Outra desvantagem decorre do ponto-de-vista econômico, já que no período onde a safrinha seria plantada -geralmente nos meses de abril e maio- há possibilidade de geadas na região do oeste paranaense.
Essa possibilidade é agravada pelo fato de que, em geral, não há seguro para cultivos do tipo safrinha. "A gente planta por nossa própria conta e risco", diz Krutsh.
Segundo produtores, o plantio de soja safrinha tem ganhado força no Paraná há cerca de dois anos. Não há, porém, estatísticas oficiais. Mesmo assim, apesar do aumento das áreas com soja, especialistas dizem que não há pressão no fornecimento de milho.
(CÍNTIA CARDOSO)


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