São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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reino unido

Cancelamento pega turistas de surpresa

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

O constante cancelamento de vôos da Varig continua a pegar passageiros de surpresa, principalmente aqueles que estão no exterior, apesar de a empresa afirmar que tem avisado a todos os que têm bilhetes sobre as suspensões em certos trechos.
Ontem, quando 24 dos 34 vôos internacionais programados pela companhia foram cancelados, inúmeros viajantes que acorreram ao balcão da Varig no aeroporto de Heathrow, em Londres, descobriram que suas viagens iriam se prolongar no mínimo até amanhã -a empresa cancelou sua partida diária para o Brasil desde anteontem e só pretende retomá-la no domingo.
O grau de surpresa dos passageiros variava. Os menos irritados eram os que moram em Londres, como o paraense Sidney Lima, 28, que estava indo passar férias no Brasil. Ele já havia perdido seu vôo de anteontem por cancelamento e foi instalado em um hotel, como os demais passageiros que ficaram em terra. "Consegui ser realocado em um vôo da TAP que sai amanhã [hoje]", explicou.
Alguns foram surpreendidos no meio de uma viagem, como o lutador Carlos Holanda, 25, que voltava de uma temporada no Japão e, após 12 horas de trajeto, deveria ter pego o vôo da Varig de ontem como escala antes de chegar ao Brasil.
Ele ficou preso em Londres, mas tentou levar na esportiva: "Tem que rir para não chorar. Vou ver se aproveito para conhecer um pouco a cidade, nesse dia em que ficarei aqui", disse.
Outros não receberam com o mesmo bom humor, como um grupo brasileiro que vinha da Alemanha, onde assistiu aos três jogos do Brasil na primeira fase, e também foi surpreendido pela suspensão da escala.
Liderados por um executivo de São Paulo, que preferiu não se identificar, eles haviam voado de Düsseldorf para Londres pela Lufthansa e pegariam o vôo da Varig na capital inglesa, com destino ao Brasil.
Como a companhia brasileira não avisou a alemã sobre o cancelamento, as malas do grupo ficaram presas e só poderiam ser resgatadas no Brasil. "O pessoal de terra é muito solícito, estão tentando ajudar, o problema são as pessoas que comandam a empresa, só tem bandido lá", afirmou o empresário.
As tentativas da Varig de realocar os passageiros de seus vôos cancelados em aviões de outras companhias esbarrou na falta de vagas. Em casos extremos, como o do mineiro Rafael Passos, 27, que tinha passagem marcada para ontem e precisava retornar porque seu visto venceria hoje, foram adotadas soluções igualmente extremas: ele faria o trajeto Londres - São Paulo pela South African Airlines, com escala em Johannesburgo, na África do Sul. Lá, precisaria esperar um dia e pagar o hotel de seu próprio bolso, para tentar ser ressarcido depois.


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