São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Cresce a saída de capital externo da Bolsa

Investidor estrangeiro mais vendeu do que comprou ações na Bovespa; saldo negativo já está em R$ 2,3 bi até o dia 20

Em todo o mês de maio, retirada de investimentos ficou em R$ 1,51 bilhão; Bolsa de SP já perdeu 17,4% durante turbulência


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda não chegou ao fim a fuga de estrangeiros da Bolsa de Valores de São Paulo. O saldo dos negócios feitos por essa categoria de investidor está negativo em R$ 2,29 bilhões neste mês, até o dia 20.
Em maio, esse saldo ficou negativo em R$ 1,51 bilhão.
Com o mau desempenho de junho, pela primeira vez em 2006 o balanço anual das compras e vendas de ações feitas com capital externo ficou negativo. No ano, o montante total de papéis vendidos na Bolsa pelos estrangeiros já bate as compras em R$ 581,95 milhões.
A virada do mercado financeiro global, há pouco mais de 40 dias, afetou diretamente a Bovespa. Nos últimos dois meses, esse grupo de investidores tem respondido por cerca de 40% de todas as operações realizadas na Bolsa. A atual volatilidade foi motivada pelos temores em relação ao futuro dos juros e ao desaquecimento da economia norte-americana.
Nas últimas semanas, os estrangeiros têm se desfeito de pesado volume de ações brasileiras. Quase R$ 41 bilhões em papéis foram vendidos na Bolsa pelo segmento entre maio e junho -o equivalente a 61,1% do total vendido em 2006.
Entre o dia 9 de maio -quando a Bovespa atingiu o pico de 41.979 pontos- e ontem (com 34.661 pontos), o principal índice do mercado acionário brasileiro amargou perda de 17,43%. Ontem a Bolsa conseguiu fechar em alta, de 1%, apoiada em um mercado internacional menos tenso.
A divulgação ontem pelo IBGE do IPCA-15 de junho, que veio bem menor que o projetado pelo mercado, favoreceu o dia. O indicador, considerado uma prévia do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), teve deflação de 0,15%.
O IPCA é o índice utilizado pelo governo para monitorar o cumprimento da meta de inflação. "Para o IPCA de junho, revisamos nossa estimativa para uma variação ao redor de zero, com chances de um índice ligeiramente negativo. Nesse cenário, o IPCA deve acumular alta de somente 0,30% no 2º trimestre, variação muito abaixo do resultado do 1º trimestre", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
Ontem o dólar recuou diante da moeda brasileira e foi vendido a R$ 2,229 no fim do dia, em queda de 0,45%.
Apesar de os últimos dias terem sido menos turbulentos, o Tesouro Nacional cancelou o leilão de NTN-B (papéis corrigidos pelo IPCA) previsto para a próxima terça-feira.
Na próxima semana, a reunião do Fed (o banco central dos EUA), que definirá como ficam os juros no país, será o evento de maior destaque.
Ontem o BC da Turquia afirmou que realizará no fim de semana uma reunião extraordinária para discutir as últimas movimentações no mercado financeiro do país e definir medidas para contornar a crise.


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