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Cresce a saída de capital externo da Bolsa
Investidor estrangeiro mais vendeu do que comprou ações na Bovespa; saldo negativo já está em R$ 2,3 bi até o dia 20
Em todo o mês de maio, retirada de investimentos ficou em R$ 1,51 bilhão; Bolsa de SP já perdeu
17,4% durante turbulência
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda não chegou ao fim a fuga de estrangeiros da Bolsa de
Valores de São Paulo. O saldo
dos negócios feitos por essa categoria de investidor está negativo em R$ 2,29 bilhões neste
mês, até o dia 20.
Em maio, esse saldo ficou negativo em R$ 1,51 bilhão.
Com o mau desempenho de
junho, pela primeira vez em
2006 o balanço anual das compras e vendas de ações feitas
com capital externo ficou negativo. No ano, o montante total
de papéis vendidos na Bolsa pelos estrangeiros já bate as compras em R$ 581,95 milhões.
A virada do mercado financeiro global, há pouco mais de
40 dias, afetou diretamente a
Bovespa. Nos últimos dois meses, esse grupo de investidores
tem respondido por cerca de
40% de todas as operações realizadas na Bolsa. A atual volatilidade foi motivada pelos temores em relação ao futuro dos juros e ao desaquecimento da
economia norte-americana.
Nas últimas semanas, os estrangeiros têm se desfeito de
pesado volume de ações brasileiras. Quase R$ 41 bilhões em
papéis foram vendidos na Bolsa
pelo segmento entre maio e junho -o equivalente a 61,1% do
total vendido em 2006.
Entre o dia 9 de maio -quando a Bovespa atingiu o pico de
41.979 pontos- e ontem (com
34.661 pontos), o principal índice do mercado acionário brasileiro amargou perda de
17,43%. Ontem a Bolsa conseguiu fechar em alta, de 1%,
apoiada em um mercado internacional menos tenso.
A divulgação ontem pelo
IBGE do IPCA-15 de junho, que
veio bem menor que o projetado pelo mercado, favoreceu o
dia. O indicador, considerado
uma prévia do IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo),
teve deflação de 0,15%.
O IPCA é o índice utilizado
pelo governo para monitorar o
cumprimento da meta de inflação. "Para o IPCA de junho, revisamos nossa estimativa para
uma variação ao redor de zero,
com chances de um índice ligeiramente negativo. Nesse cenário, o IPCA deve acumular alta
de somente 0,30% no 2º trimestre, variação muito abaixo
do resultado do 1º trimestre",
diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra.
Ontem o dólar recuou diante
da moeda brasileira e foi vendido a R$ 2,229 no fim do dia, em
queda de 0,45%.
Apesar de os últimos dias terem sido menos turbulentos, o
Tesouro Nacional cancelou o
leilão de NTN-B (papéis corrigidos pelo IPCA) previsto para
a próxima terça-feira.
Na próxima semana, a reunião do Fed (o banco central
dos EUA), que definirá como ficam os juros no país, será o
evento de maior destaque.
Ontem o BC da Turquia afirmou que realizará no fim de semana uma reunião extraordinária para discutir as últimas
movimentações no mercado financeiro do país e definir medidas para contornar a crise.
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